Economia

Brasileiro pagou, em média, quase R$ 4 mil em impostos em 2005

Estudo mostra que, no ano passado, a carga tributária brasileira foi 37,8% em relação ao PIB. Proporcionalmente à renda, pobres pagam mais

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h39.

A carga tributária brasileira é reconhecidamente uma das mais altas do mundo, mas quando o fato é detalhado em números, o cenário fica ainda mais assustador. Somente no ano passado, cada brasileiro desembolsou, em média, 3 987 reais para o pagamento de impostos. É como se todos tivessem trabalhado durante 145 dias do ano apenas para arcar com os tributos - e também com a ineficiência de arrecadação - do governo.

Essas e outras comparações fazem parte de um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), baseado em diversas fontes. Uma das constatações diz respeito à corrupção nas três esferas de governo. "Reunimos dados da Justiça, do Legislativo e da imprensa e chegamos à conclusão de que o brasileiro trabalha 45 dias do ano para ';pagar'; pela corrupção e pela má qualidade do sistema de arrecadação. Os outros 100 dias são para pagar impostos", diz Gilberto Luiz do Amaral, presidente do IBPT.

O peso dos impostos no Brasil é gigantesco sob qualquer ótica. Em relação ao PIB, por exemplo, corresponde a 37,8%, considerando os números do ano passado, ou seja, 732 bilhões de reais. Somente o governo federal abocanhou 26,5% total, sendo o grande responsável pelo aumento dos impostos em 2005. Outra forma de se avaliar o impacto da carga tributária é descontando a inflação do período. Nesse caso, o cenário também é crítico. O crescimento real da arrecadação de impostos foi de 1,02% em 2005, o que representa um acréscimo de 19,5 bilhões nas contas dos governos.

Entre os encargos federais, o Imposto de Renda é, de longe, o que mais afeta o bolso dos brasileiros. Através desse imposto, a união pôde recolher 124,5 bilhões de reais no ano passado. Em segundo lugar, com 87,8 bilhões de reais, vem a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). A situação promete ser um pouco melhor este ano. Com a ajuda da MP do Bem e da correção da tabela do Imposto de Renda, a carga tributária brasileira deve cair para 36,8% em 2006.

Pesado e injusto

Segundo o presidente do IBPT, uma das principais características da carga tributária brasileira é que, além de pesada, é também injusta. "O princípio por trás do imposto, e isso vem desde Adam Smith [um dos principais teóricos da ciência econômica], é que os ricos devem pagar mais. No Brasil, é exatamente o contrário", diz.

Amaral explica a lógica do sistema invertido no Brasil: apesar de os impostos serem os mesmos para todos, os ricos conseguem poupar, enquanto os pobres não têm renda excedente. Com isso, o primeiro grupo pode compensar a alta carga tributária com os rendimentos no mercado financeiro (poupança, fundos e outros), mas os menos favorecidos não têm essa opção. O presidente do IBPT lembra, ainda, o impacto dos medicamentos. "Esse tipo de produto é o que mais paga impostos, cerca de 37%, e está provado que as famílias mais pobres gastam mais com remédios, proporcionalmente a sua renda, do que os ricos", diz Amaral.

O pior do mundo

O Brasil não chega a ser o líder mundial em carga tributária. Outros quatro países estão a sua frente. "Mas quando se observa a aplicação desses impostos (serviços públicos, saúde, educação etc), o Brasil certamente é o pior", diz Amaral. O campeão de arrecadação é a Suécia, com 50,7% do PIB (2004). Em seguida vêm Noruega, França e Itália. China, Índia e Rússia - países que costumam disputar investimentos com o Brasil - têm uma carga média de 16,7% sobre o PIB.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Economia

Novos dados aumentam confiança do Fed em desaceleração da inflação, diz Powell

Lula pede solução de contradições de europeus para acordo com Mercosul

Crescimento econômico da China desaponta e pressiona Xi Jinping

Prévia do PIB: IBC-Br sobe 0,25% em maio, após estabilidade em abril

Mais na Exame