Durante a missão empresarial e presidencial à Portugal, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan, afirmou que "certamente, nos próximos meses, assistiremos a uma aceleração da queda das taxas [de juros]". A declaração de Furlan foi dada ao jornal português "Diário Econômico".

Além de Furlan, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva viaja à Europa acompanhado dos ministros Celso Amorim, das Relações Exteriores, Antônio Palocci, da Fazenda, Luiz Dulci, da secretaria-geral, Tarso Genro, da secretaria-especial do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, e Walfrido dos Mares Guia, do Turismo. A comitiva deve permanecer na Europa até sábado (12/7).

O ministro afirmou ainda ao jornal português que Lula está "plenamente consciente que não se pode deixar que a economia brasileira entre num processo de recessão". "Se não houver nenhum acidente de percurso, vamos ter uma queda das taxas consistente e gradual", disse Furlan. "A grande tarefa do governo, além de continuar estimulando o crescimento consistente das exportações, é reativar o mercado interno."

Lula iniciou nesta quinta-feira (10/7) a agenda de compromissos oficiais em Lisboa. Durante o encontro com o presidente de Portugal, Jorge Sampaio, Lula afirmou que a visita a Portugal vai aprofundar o diálogo entre os dois países. "O Brasil que os portugueses fundaram e o Portugal que o Brasil ajuda a desenvolver são exemplo vivo do quanto podemos realizar juntos. Queremos levar esse patrimônio de realizações e conquistas de nossos povos e países também para o plano da ação internacional", disse Lula. Após os discursos, os presidentes seguiram para o Palácio de Belém, para a assinatura do livro de honra, a foto oficial e uma reunião de trabalho. Lula será também condecorado com o Grande Colar da Ordem da Liberdade.

Brasil e Portugal

Os investimentos portugueses feitos no Brasil representam 60% da internacionalização de capital de Portugal. Segundo Mário Miranda, conselheiro de imprensa da embaixada portuguesa no Brasil, as relações comerciais são o maior fator de aproximação entre os dois países. Nos últimos cinco anos, investimentos no Brasil representaram 60% da internacionalização de sua economia, que alcançou US$ 15 bilhões. As informações são da Agência Brasil.

Portugal ocupa a lista dos cinco principais investidores no Brasil. De 1998 até hoje, foram investidos entre US$ 10 e US$ 12 bilhões no Brasil nos setores de telecomunicações, eletricidade, financeiro, distribuição, imobiliária, turismo e cimento. Por outro lado, o Brasil ocupa o 10º lugar entre os maiores importadores para Portugal. Os investimentos brasileiros lá somam US$ 1 bilhão.

O principal investidor é a empresa Portugal Telecom, que participou na privatização dos serviços de telefonia fixa e móvel, e ainda em investimentos na geração e distribuição de energia. A construção da Usina Elétrica do Lajeado, no Tocantins, é outro exemplo do interesse de empresários portugueses no Brasil.

Furlan reuniu-se com empresários portugueses e brasileiros, em Estoril, cidade próxima a Lisboa, e confirmou o interesse do Brasil em se empenhar para dinamizar o fluxo de investimentos para Portugal. Alguns setores em que o Brasil poderia investir são moda -onde Portugal tem uma boa base de têxtil e de confecção-, área dos serviços, e informática. As maiores empresas brasileiras no país são o Banco Itaú e as empresas Odebrechet e Andrade Gutierrez. Aguarda-se o anúncio da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), no Brasil, de um acordo para investimento na área siderúrgica.

O ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, afirmou que recebeu a confirmação que o grupo português Vila Gallé irá investir R$ 50 milhões na construção de 571 apartamentos para turistas na Praia de Guarajuba, na Bahia.

A balança comercial entre Brasil e Portugal é deficitária para o país europeu, mostram dados da Câmara do Comércio e Indústria Luso-Brasileira em Portugal. O Brasil exporta, por ano, US$ 600 milhões para Portugal _o que representa apenas 1,6% do total das exportações brasileiras. Das relações comerciais portuguesas -entre exportações e importações- 90% são realizadas com a Europa.