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Brasil precisa de mais investimentos em produção para que o PIB cresça

Economistas do banco BBV voltam à carga e prevêem que o PIB deva crescer 1,9% e 2,9% em 2003 e 2004

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h50.

Economistas e analistas de mercado sempre afirmam que, em condições ideais de temperatura e pressão, o Brasil tem um potencial de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,5%. Quais seriam, então, essas condições ideais para o crescimento sustentado? Um cenário de inflação baixa, câmbio estável, produção em alta, aumento de investimentos no setor produtivo, alta da poupança interna e baixa na taxa de desemprego elevariam a demanda do país, permitindo atingir os sonhados 4,5%.

Atualmente, depois de dois anos com crescimento praticamente nulo do PIB per capita _ o do PIB absoluto ficou em 1,5% na média, economistas do banco BBV voltam à carga e prevêem que o PIB deva crescer 1,9% e 2,9% em 2003 e 2004, respectivamente. Esse cálculo é feito de acordo com um padrão adotado em todos os países, conhecido como PIB sob a ótica da demanda, que inclui investimentos, consumo e contas públicas. No cálculo convencional, que inclui serviços, agricultura e indústria, o crescimento brasileiro também deve ficar, segundo os bancos, abaixo dos 2%: o CSFB prevê 1%, e o BBV, o mesmo 1,9%.

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O Banco Central, por sua vez, estima que a taxa de crescimento da economia fique em 2,04% para 2003. Só que, para que qualquer percentual de crescimento se realize, "é preciso olhar com atenção o contexto no qual se inserirá a economia brasileira daqui para a frente", afirma Luis Afonso Lima, economista-sênior do BBV. Infelizmente, o crescimento da economia brasileira não depende só da volta dos investimentos externos e da retomada da credibilidade dos empresários locais. Eis alguns possíveis cenários internacionais que podem prejudicar o desempenho da economia global e afetar o Brasil:

Estados Unidos: consumo em queda, elevada ociosidade das empresas, a mais baixa taxa de juros dos últimos 40 anos que não consegue impulsionar a economia americana, além da sempre presente ameaça de terrorismo. Alguns economistas ouvidos pelo The Wall Street Journal apontam para uma previsão de crescimento de apenas 1% nos primeiros trimestres do ano.

Europa: a valorização do euro frente ao dólar reduz o potencial exportador da região, com elevado preço das matérias-primas e cenário internacional incerto.

Japão: crescimento de apenas 0,3% do PIB em 2002, queda do consumo, deflação que continua a assustar, BC local que deve adotar uma nova política monetária a partir de março.

E o Brasil neste cenário? O ecomomista José Roberto Mendonça de Barros afirmou, durante o evento Brasil em EXAME, que os juros continuarão elevados, e a política fiscal, extremamente contraída neste ano. "Por isso, acho que o PIB terá crescimento perto de zero no próximo ano, algo entre -0,5% e 1%. A indústria deverá ser o setor mais afetado. Com a subida do custo de alimentação, o salário real deve continuar caindo, e as condições de crédito, apertadas. Portanto, a demanda de consumo será fraca. O gasto público não vai ajudar no crescimento. Acho muito difícil que a taxa de investimento se recupere. O que resta para puxar a economia? A agricultura, que vai crescer, bem como as exportações, mas elas não conseguem puxar a economia", afirmou.

"Para a economia brasileira, o quadro daqui para a frente não é menos complexo", afirma Afonso Lima. "A redução da inflação de 12,5% em 2002 para as metas ajustadas de 8,5% em 2003 e 5,5% em 2004 irá exigir do Banco Central uma postura mais cautelosa." Trocando em miúdos, a escassez de investimentos em produção e, conseqüentemente, em poupança interna limitam o crescimento estruturado de longo prazo. Vida dura pela frente.

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