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Brasil crescerá menos que os demais emergentes em 2005

Para o BIS, apesar de estar menos vulnerável a choques internacionais, o país apresentará uma taxa de crescimento menor que a das nações em desenvolvimento

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h11.

A vulnerabilidade dos países emergentes a crises internacionais diminuiu nos dois últimos anos, e uma série de fatores como a maior seriedade na condução da política monetária apontam boas perspectivas para o futuro. Segundo o Banco Internacional de Compensações (BIS), o Brasil também está mais resistente a choques externos. A melhora, porém, não se traduziu em mais crescimento econômico: o país é o que apresenta a menor expectativa de crescimento para 2005, entre as economias emergentes.

Excluídos o Oriente Médio e a África, o BIS estima que os emergentes crescerão 6,3% neste ano, contra 7,2% em 2004. A média de expansão projetada para a América Latina é de 4,3%, ante os 5,9% obtidos no ano passado. O Brasil, porém, deve crescer 3,6% segundo a instituição a menor taxa de expansão entre os países citados. Para a Argentina, por exemplo, espera-se um incremento de 6,8%; já os mexicanos devem avançar 3,9% e os indianos, 7,1%.

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Apesar de baixa, a projeção do BIS para o Brasil é mais otimista que a do Banco Central (BC). De acordo com seu último relatório de mercado, o BC mostra que as instituições financeiras consultadas projetam uma expansão de 3% para o Produto Interno Bruto neste ano. Há quatro semanas, as estimativas apontavam uma alta de 3,5%. Desde então, segundo o BC, a expectativa vem caindo. Na semana passada, a projeção era de 3,10%.

Mais resistentes

As projeções para o Brasil e os demais emergentes constam do 75º Relatório Anual do BIS, divulgado nesta segunda-feira (27/6). O documento não cita quais são os fatores específicos que farão com que o país cresça menos que os demais.

O fortalecimento dos mercados internos, nestas nações, é o primeiro fator apresentado pelo BIS para justificar a menor vulnerabilidade externa. Além de contribuir para uma taxa de crescimento acima do esperado para os países emergentes em 2004, a continuidade da expansão do consumo interno, sustentada em parte pela maior oferta de crédito, também contribuirá para que o crescimento econômico seja mantido neste ano, mesmo diante de uma eventual desaceleração dos mercados internacionais, de acordo com o BIS.

A austeridade fiscal adotada pela maioria das nações em desenvolvimento é outra fonte de estabilidade. No caso brasileiro, o BIS cita a iniciativa de manter, voluntariamente, o superávit primário em 4,5% ao ano, mesmo após o término do acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) no início de 2005. A medida contribuiu para que a relação dívida/PIB do país se reduzisse em 2004 foi a primeira vez que isso aconteceu nos últimos 20 anos, destacou o BIS.

Outro destaque, segundo a instituição, foi a redução das dívidas de curto prazo e da parcela de títulos públicos atrelada ao dólar. No caso do Brasil, essa fatia baixou de 37%, no final de 2002, para 10%, em dezembro do ano passado.

Inflação estável

O fortalecimento dos emergentes também é um reflexo da estabilidade da inflação assegurada pelas políticas monetárias da maioria destes países, de acordo com o BIS. Sobre o Brasil, o banco citou a adoção de rígidas políticas fiscal e monetária, que fizeram com que a inflação caísse continuamente. Essas medidas também influenciaram positivamente a redução das projeções para a inflação.

O BIS destaca, porém, que, a exemplo de outros países como a Turquia, apesar da estabilidade de preços e das projeções contidas, as taxas reais de juros continuam altas no Brasil. Para o banco, isso indica que os agentes econômicos ainda não descartaram por completo a ameaça de um recrudescimento inflacionário. Por fim, os sucessivos superávits comerciais de diversos países, como o Brasil, e o fortalecimento do sistema financeiro, também reduziram a vulnerabilidade dos emergentes.

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