Economia

Brasil caminha rumo à exportação de serviços

Livro mostra que próximo passo na diversificação da pauta das vendas ao exterior é o comércio de serviços como logística, licenciamentos de marcas, aluguel de equipamentos e escritórios

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h22.

Motivo de orgulho do governo Lula, as exportações brasileiras chegaram a um recorde em 2005 e devem somar mais de 130 bilhões de dólares em 2005 nas contas oficiais. Um avanço numérico que reflete não só o aumento no volume de produtos vendidos, mas também a diversificação da pauta do país - graças a uma mudança na mentalidade dos empresários, de acordo com o livro Passaporte para o Mundo, publicação da Agência de Promoção de Exportações e Investimento (Apex-Brasil). Lançada em maio deste ano, a obra conta como o Brasil perdeu o medo de levar seus produtos a novos territórios e como está se preparando para enfrentar um novo mercado: o comércio globalizado de serviços.

O cenário externo diante das brasileiras que desejam avançar em mais essa etapa é promissor. De acordo com dados da Organização Mundial do Comércio (OMC), o intercâmbio de serviços em todo o mundo mais do que dobrou em um período de dez anos, saltando de 1,18 trilhão de dólares em 1995 para 2,4 trilhões de dólares em 2005. Na carona desse impulso, o Brasil também passou de exportações de serviços de 6 bilhões de dólares para 14,9 bilhões no mesmo período.

Oportunidade

Com uma parcela ainda tão pequena no volume mundial, de cerca de 0,5%, os empresários brasileiros têm muito espaço para explorar no mercado. Parceira de muitos que se aventuraram a ganhar receita em outras moedas, a Apex conta na obra, escrita pelos jornalistas Nely Caixeta, Clayton Netz e Ricardo Galuppo, casos de quem não se arrependeu da empreitada, como o das companhias que abriram franquias em outros países. Hoje o Brasil é o terceiro maior mercado mundial no setor. São mais de 59 mil franqueados pelo mundo, divididas entre 814 grifes que recebem royalties de licenciamento sobre suas marcas, além da receita ganha com os serviços. A fórmula já levou ao exterior brasileiras como Casa do Pão de Queijo, o Boticário e Dzarm.

Mas aos interessados em operar com custos em reais e ganhar receita em dólares, Passaporte para o Mundo traz pequenos lembretes por todo o livro sobre as possibilidades de o investimento gasto no exterior não atingir os resultados desejados. Avisos como o de que é preciso planejar a logística com cuidado ou de que vale manter parceiros regionais nos países explorados fazem o empresário se lembrar de quem nem sempre a realidade é tão favorável quanto os números fazem parecer.

Os cuidados valem não só para quem quer abocanhar o promissor mercado de serviços, e sim para todos aqueles que estão descobrindo que podem ampliar os negócios procurando demanda fora dos limites territoriais brasileiros. Exemplo de como a pauta de exportação do país tem acumulado valor agregado, exportadores ligados à associação que representa a indústria de artigos médicos e odontológicos decidiram estruturar um plano de vendas para o exterior depois de receber uma boa aceitação de seus produtos em feiras na Alemanha e nos Estados Unidos. O caso é um dos vários citados pelo livro. Resultado: o volume anual de exportações do grupo deve chegar a 870 milhões de dólares em 2010, com vendas na América Latina, África e Leste Europeu. Aos que cobiçam as cifras milionárias, vale um último aviso do livro : "O aprendizado é longo".

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Economia

MDIC quer ampliar Programa Reintegra a partir de 2025, diz Alckmin

Selic deve subir 0,25 ponto percentual e tamanho do ciclo depende dos EUA, diz economista da ARX

Lula sanciona projeto de desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia

Haddad vê descompasso nas expectativas sobre decisões dos Bancos Centrais globais em torno dos juros