Economia

Brasil cai três posições no ranking mundial de competitividade

País é menos competitivo que países como Botsuana e;Estônia no levantamento do Fórum Econômico Mundial, neste ano ampliado de 102 para 104 países. Os três primeiros colocados são os mesmos do ano passado: Finlândia, EUA e Suécia

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h27.

O Brasil passou de 54º para 57º lugar no ranking de competitividade mundial de 2004, graças ao custo e à complexidade das obrigações tributárias, a ineficiência burocrática e a dificuldade de acesso a financiamento. Em 2002, o país ocupava a 45ª posição. Apesar da aclamada pujança do agronegócio e de ser líder entre os emergentes, a exemplo do que ocorre no G-20 (o grupo dos países em desenvolvimento), o Brasil perde em competitividade para nações como a Estônia (20ª posição) e Botsuana (45ª).

Elaborado há 25 anos pelo Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), o Índice de Crescimento Competitivo foi ampliado de 102 para 104 nações nesta edição. Pelo segundo ano consecutivo, a Finlândia é a campeã mundial da competitividade, seguida por Estados Unidos e Suécia.

A pesquisa do Fórum analisa macroeconomia, instituições públicas e inovação tecnológica e, com exceção do primeiro item, é baseada na opinião da comunidade empresarial local, através do que denomina Pesquisa de Opinião Executiva. Na edição 2004 do ranking, foram ouvidos 8 700 líderes corporativos espalhados pelo mundo (cerca de 83 entrevistados por país, na média). O Brasil está em 80º em ambiente macroeconômico, 50º em instituições públicas e 42º em tecnologia. "Este resultado em macroeconomia é explicado principalmente pelo peso das despesas com serviço da dívida pública", afirma Augusto Lopez-Claros, diretor do programa de competitividade global do WEF. Segundo o economista, é preciso levar em consideração a abordagem específica do ranking. "O Fundo Monetário Internacional vê o histórico do país. O Fórum faz uma comparação horizontal com outros países, pela situação de hoje."

Verificando mais de 70 subíndices da pesquisa, os destaques negativos do Brasil são os spreads bancários o país está classificado em 101º , e a extensão e efeitos dos impostos (103º) sobre os negócios. As alíquotas de impostos e as normas tributárias são, para os líderes corporativos ouvidos pelo WEF, os maiores empecilhos para a atividade empresarial no país. A ineficiência da burocracia e as dificuldades para obtenção de financiamento são listados logo a seguir. No ranking de 2003, o maior problema para os empresários brasileiros era acesso a financiamento.

Pelos resultados da inflação em 2003 (IPCA de 9,3%), o Brasil ficou em 93º na classificação específica para este item de desempenho macroeconômico. "O país ficou nessa posição por causa da comparação internacional", diz o economista do WEF. "Pela percepção dos empresários brasileiros, a inflação não foi vista como um problema."

Por outro lado, a economia brasileira foi considerada a 3ª mais competitiva quando o critério é a extensão da concorrência local e a 2ª no quesito "custos decorrentes do terrorismo". O país ocupa a 29ª colocação pelo critério da sofisticação de operações e estratégias corporativas e 42º em qualidade do ambiente de negócios. A economia brasileira também se classifica bem em transferência de tecnologia (17º de 79 países-usuários), embora tenha de saído muito melhor em 2003, com a 2ª colocação entre 77 países que não geram conhecimento novo mas, pelo menos, o absorvem com certa rapidez.

Outros países

Na comparação horizontal a que se refere o economista do WEF, o Chile se sobressai com 35 posições à frente do Brasil e ainda supera países como Espanha (23º), Portugal (24º) e França (27º). "Parece que o Chile quase cortou a ligação com o resto da América Latina e está rapidamente se aproximando das economias de elite", diz Lopez-Claros. De acordo com o relatório que apresenta o ranking, a América Latina é a única região do mundo em que se verifica esse fenômeno de "migração", como é nitidamente o caso chileno. Peru (67º) e Bolívia (98º), em contraste, despencaram 10 e 13 posições, respectivamente, em apenas um ano.

Esta edição do ranking deixou de classificar Haiti, Senegal e Camarões e passou a analisar Emirados Árabes (16º), Bahrain (28º), Chipre (38º), Bósnia e Herzegovina (82º) e Geórgia (94º).

A partir do ano que vem, o WEF vai adotar um novo índice, separando os países em três grupos básicos, conforme o foco de suas economias seja custo, eficiência ou inovação. Pela nova metodologia, o Brasil está em um grupo de transição formado por países que estão deixando de atrelar sua competitividade a custo baixo (como mão-de-obra barata) para basea-lá em eficiência (por exemplo, buscar a diversificação da pauta de exportação, composta por produtos básicos em menos de 70% do total). Os países com foco em inovação não passam de três dezenas de nações que concentram a maior proporção de novas patentes na comparação com suas populações.

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