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Brasil arrisca ter fuga de capitais com crise fiscal, diz Gustavo Loyola

Ex-presidente do BC afirmou que prioridade do país deve ser aprovar o orçamento de 2021 respeitando o teto e a responsabilidade fiscal

Gustavo Loyola: ex-presidente do Banco Central alerta para fuga de capitais caso crise fiscal se agrave (Elza Fiúza/Agência Brasil)
FS

Fabiane Stefano

Publicado em 16 de outubro de 2020 às 11h29.

Última atualização em 16 de outubro de 2020 às 13h06.

O Brasil corre o risco de uma fuga de capitais caso a crise fiscal se agrave, diz Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central e sócio-diretor da Tendências Consultoria. “A ideia de uma fuga de capital, inclusive de residentes, algo que historicamente o Brasil tem evitado, não pode ser descartada.”

Com a Selic em 2%, as taxas de juros no país não são mais tão atrativas e não ajudarão a manter o capital no país caso o investidor duvide da sustentabilidade da dívida, afirma Loyola, em entrevista. “A situação é muito incerta e delicada, pois as perspectivas fiscais são muito negativas diante do crescimento da dívida e das despesas obrigatórias.”

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O rompimento do teto de gastos ou uma eventual saída do governo do ministro da Economia, Paulo Guedes, são fatores que poderiam levar a uma deterioração mais grave do cenário, segundo Loyola.

Os temores sobre a situação fiscal do país estão refletidos nos preços dos ativos, tanto que o real é a moeda mais volátil e com maior desvalorização em 2020 - apesar do alívio desde a semana passada com o alinhamento entre Guedes e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, sobre as reformas, após desavenças recentes.

Os receios de que a criação do novo programa social do governo, o Renda Cidadã, acabe levando a alguma flexibilização do teto de gastos não foram eliminados. O presidente Jair Bolsonaro acabou adiando a definição do programa para depois das eleições municipais.

“Temos grupos forte dentro do governo que estão defendendo aumento de gastos e o rompimento do teto ”, diz Loyola.

As dúvidas sobre a preservação da âncora fiscal têm pesado sobre o Tesouro, que vem sendo obrigado a encurtar o prazo da dívida. “O encurtamento não é tão negativo do ponto de vista de custo, mas indica dificuldade para o financiamento no caso de um desastre fiscal´´, disse Loyola.

As incertezas, segundo o ex-presidente do BC, ainda são agravadas pelos sinais de uma segunda onda global da pandemia do coronavírus e pelas dificuldades políticas nos EUA antes das eleições presidenciais, o que exige cautela adicional do governo e do Congresso no Brasil.

“O momento é do Congresso aprovar o orçamento de 2021 respeitando o teto e apontando para a responsabilidade fiscal.”

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