Economia

Brasil ainda corre o risco de estagnar

Para Kenneth Rogoff, país ainda possui várias ineficiências e corre o risco de parar, se a economia mundial desacelerar

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h07.

Kenneth Rogoff, professor de economia da Universidade Harvard e ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, reconhece que o Brasil colhe os frutos da abertura comercial dos anos 90 e da estabilidade econômica. Mas adverte que o país ainda está longe do crescimento sustentado e pode, inclusive, parar. Leia o seu depoimento a EXAME:

"Eu só direi que o Brasil está decolando, quando assistir a sete ou oito anos de crescimento sustentado a taxas de 6% ou 7%, ou mais. Isto seria facilmente alcançado, se a economia se tornasse mais aberta, mas infelizmente não vejo nada parecido na atual política brasileira. O protecionismo comercial continua a mutilar a produtividade e o crescimento. A infra-estrutura é horrível, e o governo não dá sinais de ver na privatização do setor um valioso instrumento de expansão, como provaram a China e outros países.

Empresas ineficientes e informais proliferam, mas isso penaliza as companhias que pagam seus impostos, mesmo quando elas são mais eficientes em outros aspectos. As leis trabalhistas permanecem rígidas.

O Brasil está colhendo os frutos de uma política macroeconômica mais estável, mas também está se beneficiando dos efeitos tardios da abertura econômica dos anos 90. Hoje, os críticos da liberalização estão escondidos em países como a Venezuela. É claro que a liquidez global e os altos preços das commodities estão ajudando muito o Brasil, mas alguns desses fatores são cíclicos.

Há um risco considerável de que o crescimento brasileiro estagne, se o ciclo econômica mundial desacelerar. Dado que algumas empresas pequenas do Brasil possuem dívidas no mercado internacional, é possível que o país experimente sua própria versão de uma crise "sub-prime" [referência à crise que sacudiu recentemente os Estados Unidos, quando o mercado sub-prime de crédito imobiliário - composto por tomadores de empréstimo de maior risco - sofreu com o aumento da inadimplência]. Mas a política econômica brasileira mais estável deveria servir de defesa contra uma crise financeira generalizada, pelo menos no curto prazo."

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