Bolsonaro cobra governadores de esquerda para reincluir Estados na reforma
De acordo com Bolsonaro, governadores de esquerda e do Nordeste querem aprovar mudanças no texto da reforma com voto contrário para evitar desgaste político
Reuters
Publicado em 2 de julho de 2019 às 13h52.
Brasília — O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira que uma eventual reinclusão de Estados e municípios na reforma da Previdência cabe ao Congresso, ao mesmo tempo em que cobrou empenho dos governadores, em especial os do Nordeste e de esquerda, que, na avaliação dele, querem aprovar mudanças nas regras com voto contrário para evitar desgaste político.
"Essa discussão mudou de campo, né? O campo é o Parlamento, do outro lado da pista", disse a jornalistas ao chegar ao Ministério da Defesa para um almoço.
"Agora, para entrar Estados e municípios, os governadores, em especial do Nordeste, de esquerda, têm que votar favorável. Até pouco tempo, eles queriam que fosse aprovada a reforma com o voto contrário deles para não ter desgaste e tem desgaste no Parlamento, sempre tem", completou ele.
Bolsonaro afirmou que quer "fechar hoje" a leitura do parecer da reforma. Disse ter conversado com o relator da reforma na comissão, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), e que essas tratativas estão sendo feitas pela equipe econômica liderada por Paulo Guedes, outros ministros, lideranças e destacou que ele participa "daquilo que é possível".
O relator apresenta um complemento ao seu voto nesta terça a partir das 16h. Na versão anterior, ele havia retirado os entes regionais da proposta — eles constavam originalmente da Proposta de Emenda à Constituição enviada pelo Executivo ao Congresso.
O presidente comentou ainda o protesto de policiais em frente ao Ministério da Defesa que querem manter regras especiais para a aposentadoria na reforma. Ele disse que o assunto está sendo negociado e que chegou a conversar com o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, sobre o tema.
"Estamos tratando do assunto. É natural os lobbies, mas todo mundo vai ter a sua cota de sacrifício, como as Forças Armadas tiveram", disse ele, numa referência ao fato de os militares terem sido os únicos a passar, no governo Fernando Henrique, por uma reforma no pagamento de benefícios.
O presidente disse ainda que, havendo recursos, emendas parlamentares serão pagas. "Ninguém está inventando recurso. Havendo recursos, liberaremos todas as emendas", disse.
Conforme reportagem da véspera da Reuters, o governo tem prometido a deputados liberar 20 milhões de reais em emendas parlamentares para aqueles que votarem a favor da reforma na apreciação da matéria no plenário da Câmara. Contudo, lideranças ouvidas pela reportagem avaliam que a verba deveria ser apenas parte do esforço do governo para melhorar a relação e garantir a aprovação da proposta.