Bolsonaro: Argentina fez reforma "meia-boca" e Macri está com problemas
Ministério da Economia informou que reforma da Previdência prevê uma economia de 1,237 trilhão de reais em dez anos
Reuters
Publicado em 25 de abril de 2019 às 17h40.
Brasília — O presidente Jair Bolsonaro admitiu na tarde desta quinta-feira que a reforma da Previdência vai passar por mudanças no Congresso, mas disse esperar que a "desidratação" não comprometa o impacto fiscal da proposta, e citou o exemplo da Argentina que, segundo ele, fez uma reforma "meia-boca" e agora está com problemas.
Na terceira fala no dia sobre o impacto fiscal da reforma, Bolsonaro se esquivou e não quis explicar o piso de 800 bilhões de reais de economia em dez anos com a aprovação da proposta que havia dito anteriormente.
"Eu gostaria que a nossa proposta saísse na ponta da linha como entrou, mas nós sabemos, até pela minha experiência de sete legislaturas, que haverá mudanças. Agora não existe um dado mínimo, o Paulo Guedes fala em torno de 1,1 trilhão (de reais de economia)", disse.
"A gente espera que, em havendo qualquer desidratação, não seja um número que comprometa a reforma. A Argentina fez uma reforma, no linguajar popular, meia-boca e o Macri está tendo problema agora", completou ele, em entrevista no Ministério da Educação, referindo-se ao presidente argentino, Mauricio Macri .
Nesta quinta-feira pela manhã, o Ministério da Economia informou que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Previdência prevê uma economia total de 1,237 trilhão de reais em dez anos, ante o valor de 1,072 trilhão de reais que foi anunciado na apresentação da proposta, em fevereiro.
Guedes tem repetido que, se a economia não for de pelo menos 1 trilhão de reais, ela não será robusta o suficiente para o lançamento de um sistema de capitalização.
Embora o montante citado por Bolsonaro esteja abaixo do que o ministro da Economia vem defendendo publicamente, uma fonte parlamentar que participa ativamente das negociações argumentou que "se for 800 bilhões de reais já é mais do que a gente estava discutindo no melhor momento da reforma do ex-presidente Michel Temer".