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Bolsa antecipa otimismo dos investidores com o Brasil, diz Appy

Movimento da bolsa é uma prévia do que acontecerá com a conquista do grau de investimento, diz secretário do Ministério da Fazenda

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h00.

Para o secretário-executivo do Ministério da Fazendda, Bernard Appy, o bom momento do mercado de capitais é uma prévia do que acontecerá quando o país conquistar o tão cobiçado grau de investimento. Veja, a seguir, os principais trechos de seu depoimento à EXAME:

A estabilização da economia é um dos fatores determinantes para o bom desempenho da bolsa de valores no país. "A solidez do ajuste fiscal, a forte melhora nas contas externas e, principalmente, a estabilização da inflação e a sinalização de que a inflação vai continuar baixa e estável nos próximos anos, trazem conseqüências que repercutem nas bolsas", diz Appy. Uma delas é a redução do risco de aplicação em ativos reais, porque há a perspectiva de muito menor volatilidade no futuro do que houve no passado. "Tornou-se mais seguro investir em ativos reais, já que o valor que você aplica nas bolsas é o fluxo futuro de lucro das empresas nas quais se está aplicando", explica. "Esse motivo leva não só os investidores a estarem mais dispostos a aplicar em bolsa, mas leva também a que as próprias empresas estejam mais dispostas a se financiar através da emissão de ações. É um ciclo virtuoso".

Outro motivo é o ambiente externo positivo. "A alta liquidez no mercado internacional certamente contribui para que haja investidores estrangeiros dispostos a entrar em ativos de outros países", diz o secretário executivo. Do ponto de vista dos investidores domésticos, a redução dos juros também influencia. "Na medida que a renda fixa tem uma rentabilidade menor - somada à perspectiva que continuará caindo no futuro em razão da estabilidade da economia - gera a procura de novos ativos para investimento". Appy também lembra que, do ponto de vista institucional, foram feitos avanços importantes no mercado de capitais para proteção dos investidores. "Hoje o investidor tem mais segurança, principalmente o minoritário, e o que investe em fundos conta com um ambiente de proteção que dá segurança muito maior do que havia no passado", aponta.

Sobre o futuro desse fenômeno, Appy ressalta que o Brasil já tem um potencial de crescimento relevante, que pode ser amplificado, o que incentiva ainda mais os investimentos privados. "Existem mudanças a serem feitas no Brasil e que levarão à ampliação do potencial de crescimento da economia", afirma, citando a reforma tributária e a contenção dos gastos públicos. Appy também aposta no fortalecimento desse circulo virtuoso. "Quando o Brasil ganhar o grau de investimento, haverá a ampliação da abrangência de potenciais investidores no mercado brasileiro e, nesse caso, investidores de longo prazo". O bom momento da Bovespa, segundo ele, já é uma antecipação desse movimento.

Em relação ao espaço da bolsa na economia, Appy é mais cauteloso. "Ela não é o motor da economia", diz, apesar de não negar sua importância. "A emissão de ações é um instrumento de financiamento das empresas brasileiras, que vem ganhando importância nos últimos anos, mas nem no primeiro mundo a emissão primária de ações é o principal mecanismo. Existe o crédito e a emissão de títulos", lembra. Ainda assim, ressalta um elemento importante em todo esse processo. "Essa abertura de ações tem um impacto positivo sobre a governança e a qualidade da gestão das empresas e beneficia a eficiência da economia como um todo. A abertura de capital exige isso", lembra.

Appy destaca ainda a importância do setor privado nesse processo. "O setor privado brasileiro é eficiente, reage bem a incentivos e a ambientes econômicos favoráveis", afirma. "A grande instabilidade que marcou as duas décadas e meia passadas levou as empresas a uma posição defensiva, pois num ambiente de instabilidade as empresas tentam se proteger: é importante sobreviver a crescer". Agora as empresas tendem a ter uma política mais agressiva. Toda essa conjunção traz sinalizações positivas para a economia. "A empresa funciona bem com o bastão e a cenoura", afirma. "A cenoura é a estabilidade e a sinalização de que ela poderá ter um ambiente no qual vai poder crescer, e o bastão é esse ambiente estimular a concorrência. Esse cenário é extremamente positivo para economia. A tendência para o conjunto das empresas é positiva".

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