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Boletim Focus: previsão da inflação para 2024 sobe a 3,88%; PIB se mantém estável

A projeção para a inflação oficial em 2023 seguiu em 4,86% pela terceira semana seguida

Os economistas do mercado financeiro atualizaram no Boletim Focus desta semana a expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses (Divulgação/Getty Images)
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 9 de outubro de 2023 às 09h19.

Última atualização em 9 de outubro de 2023 às 09h21.

As expectativas inflacionárias ficaram praticamente estáveis no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 9. A projeção para a inflação oficial em 2023 seguiu em 4,86% pela terceira semana seguida. Um mês antes, a mediana era de 4,93%. Para 2024, foco da política monetária, a projeção oscilou de 3,87% para 3,88%. Há um mês, era de 3,89%.

Considerando somente as 55 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 variou de 4,83% para 4 82%. Para 2024, por sua vez, a projeção de alta passou de em 3 83% para 3,86%, considerando 54 atualizações no período.

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Para 2025, que agora tem peso minoritário nas decisões do Copom, a projeção continuou em 3,50% pela décima primeira semana consecutiva - o que evidencia a reancoragem parcial destacada pelo BC após a manutenção da meta de inflação em 3,0% para os próximos anos. No horizonte mais longo, de 2026, a estimativa seguiu em 3,50% pela 14ª semana seguida.

As estimativas do Boletim Focus continuam acima da meta. Para 2023, a mediana supera o teto da meta (4,75%) e indica estouro do objetivo a ser perseguido pelo BC pelo terceiro ano consecutivo, depois de 2021 e 2022. Nos outros anos, as expectativas estão dentro do intervalo, mas superam o alvo central de 3,0%.

No Comitê de Política Monetária (Copom) de setembro, o BC divulgou projeção de 3,5% para o IPCA de 2024, a mesma da reunião anterior. Para 2025, subiu a 3,1% no modelo. Para 2023, a projeção é de 5,0%.

Projeção suavizada

Os economistas do mercado financeiro atualizaram no Boletim Focus desta semana a expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses, de 4,02% para 4,00%, de 4,12% há um mês.

No fim de junho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou ao Conselho Monetário Nacional (CMN) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá editar decreto estabelecendo uma meta contínua de inflação a partir de 2025, em substituição à atual meta-calendário. Haddad e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, não deram previsão de quando o ato do Executivo será publicado.

No Ministério da Fazenda, o secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, disse ao Estadão/Broadcast que a SPE já terminou a pesquisa sobre as experiências internacionais, mas que ainda não houve apresentação para o restante da equipe econômica nem para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, responsável por editar o decreto.

Na avaliação do diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, uma maior autonomia requer maior prestação de contas, mas que a autoridade monetária não antecipa nenhuma mudança na política monetária em função da introdução da meta contínua.

Já o secretário-executivo do Ministério do Planejamento e Orçamento, Gustavo Guimarães, defendeu ao Estadão/Broadcast a continuidade da realização da justificativa sobre o descumprimento da meta uma vez ao ano, mas no caso de o IPCA estourar o teto em qualquer momento durante os 12 meses aferidos.

Meses

Os economistas reduziram a expectativa de inflação para o mês passado no Boletim Focus de hoje. A mediana seguiu em 0,35%. Há um mês, a expectativa era de 0,41%.

Para o IPCA de outubro, a estimativa continuou em 0,38%, contra a mediana de 0,39% um mês antes. Já para novembro, a previsão para o indicador foi mantida em 0,32%, de 0,30% há quatro semanas.

Câmbio

O cenário esperado para o câmbio brasileiro neste ano teve alteração significativa no Relatório de Mercado Focus desta semana, em meio às incertezas no mercado externo e nas contas públicas locais. A estimativa para o câmbio este ano passou de R$ 4,95 para R$ 5,00, retornando ao nível de um mês antes.

Para 2024, a mediana continuou em R$ 5,02, mesmo patamar de quatro semanas antes. A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.

PIB de 2023 segue em 2,92%

O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 9, pelo Banco Central trouxe manutenção nas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB). A mediana para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 seguiu em 2,92%, contra 2,64% há um mês. Considerando apenas as 33 respostas nos últimos cinco dias úteis a estimativa para o PIB no fim de 2023 passou de 2,93% para 2 90%.

Para 2024, o Relatório Focus também trouxe estabilidade na estimativa de crescimento do PIB, que continuou em 1,50% na semana, ante 1,47% de um mês atrás. Considerando apenas as 32 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2024 seguiu em 1,60%.

Em relação a 2025, a mediana continuou em 1,90%, contra 2,00% de quatro semanas antes. O boletim ainda trouxe a estimativa de crescimento para 2026, que se manteve em 2,00%, mesmo nível de um mês atrás.

O governo espera que o crescimento do PIB este ano alcance 3,2%. Já no Banco Central, a estimativa atual é de 2,9%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro.

Relação dívida/PIB

O Boletim Focus também trouxe a manutenção das projeções para as contas públicas deste ano. A estimativa para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB em 2023 seguiu em 60,50%, ante 60,40% de um mês atrás.

Para o déficit primário em relação ao PIB este ano, a mediana continuou em 1,10%, contra 1,00% um mês antes. O Ministério da Fazenda sustenta que deve entregar um resultado deficitário de 1 0% do PIB em 2023. Já a estimativa para o déficit nominal este ano seguiu em 7,40% do PIB, onde já estava um mês atrás.

O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.

2024

Para o próximo ano, a estimativa para a dívida líquida continuou em 63,90% do PIB, mesmo patamar de quatro semanas antes. Já o déficit primário esperado para 2024 piorou de 0,75% para 0,83% do PIB. O déficit nominal projetado na Focus passou de 6,57% para 6,59% do PIB. Há um mês, os porcentuais eram de 0,71% e 6 80%, respectivamente.

No fim de agosto, o governo apresentou o projeto de lei orçamentária de 2024 ao Congresso. A peça prevê superávit de R$ 2,8 bilhões em 2024 (0% do PIB), mas depende da arrecadação de R$ 168,5 bilhões em medidas extras, entregues ao Parlamento junto com o Orçamento. Devido à elevada necessidade de receita adicional, há forte ceticismo no mercado sobre o resultado proposto pelo governo ser factível.

Déficit em c/c

Os economistas do mercado financeiro alteraram a estimativa de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos para 2023 no Boletim Focus desta semana. A projeção deficitária passou de US$ 43,30 bilhões para US$ 42,65 bilhões, ante US$ 42,80 bilhões de um mês atrás. Para o próximo ano, a estimativa de déficit foi alterada de US$ 51,35 bilhões para US$ 51,70 bilhões, ante US$ 50,00 bilhões há quatro semanas.

Em relação ao superávit da balança comercial em 2023, a projeção avançou de US$ 72,10 bilhões para US$ 72,90 bilhões, contra US$ 70,10 bilhões há um mês. Para 2024, a mediana superavitária passou de US$ 60,95 bilhões para US$ 60,60 bilhões, de US$ 60,00 bilhões quatro semanas antes.

Os analistas consultados semanalmente pelo BC avaliam que o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será mais do que suficiente para cobrir o rombo em transações correntes neste e no próximo ano.

A mediana das previsões para o IDP em 2023 seguiu em US$ 80 bilhões pela 12ª semana seguida. Para 2024, a estimativa foi mantida em US$ 80,00 bilhões pela 36ª vez.

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