Economia

Boato sobre saída de Palocci ajuda a tumultuar mercado financeiro

O resultado do desta segunda-feira (4/8) no mercado financeiro consolidou o nervosismo instalado na semana passada: o dólar fechou cotado a 3,07 reais, após registrar alta de 1,32%; a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) chegou a cair quase 3%, se recuperou e encerrou os negócios com baixa de 1,45%. O risco-país bateu em […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h03.

O resultado do desta segunda-feira (4/8) no mercado financeiro consolidou o nervosismo instalado na semana passada: o dólar fechou cotado a 3,07 reais, após registrar alta de 1,32%; a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) chegou a cair quase 3%, se recuperou e encerrou os negócios com baixa de 1,45%. O risco-país bateu em 897 pontos base, mas cedeu e fechou em 826 pontos, um salto de 8,59%; o C-Bond, o papel da dívida brasileira mais negociado no exterior, encerrou o dia com queda de 1,95%, com 83,63% de seu valor de face.

Boa parte do movimento negativo seguiu ao sabor do boato que Antonio Palocci, ministro da Fazenda, seria afastado do cargo. Os especuladores, que sempre aproveitam os momentos de fragilidade, também ajudaram a elevar a cotação do dólar ante o clima de indefinição. Muita gente decidiu trocar seus investimentos financeiros, aceitando prejuízos (o movimento é conhecido como stop-loss). Também pesou sobre o câmbio o fato de as empresas enfrentarem dificuldade para a obtenção de crédito no mercado externo e ainda terem uma concentração de vencimentos de dívidas para pagar no segundo semestre com investidores internacionais.

O movimento de queda na Bovespa, por sua vez, refletiu em parte o pessimismo de outras bolsas que operaram em queda boa parte do dia, mas se estabilizaram e até se recuperaram. No Brasil, após o pronunciamento oficial do governo de que não haveria alteração na equipe ministerial, os investidores se acalmaram e tanto a Bovespa quanto o risco-país tiveram leve recuperação.

O clima negativo foi interpretado como um sinal de alerta pelos técnicos da equipe econômica no governo principalmente depois do comportamento dos juros no mercado futuro. A taxa projetada para abril na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) fechou em 23%, contra os 21,79% da ultima sexta-feira (1/8), uma das altas mais fortes do ano. O Tesouro Nacional preferiu se prevenir e anunciou a suspensão desta terça-feira (5/8) do tradicional leilão de Letras do Tesouro Nacional (LTN) e de Letras Financeiras do Tesouro (LFT), que teriam seus preços pressionados.

Reavaliação

Entre os analistas, o dia tumultuado deixou a certeza de que a visão dos investidores internacionais em relação ao Brasil mudou. O mercado estava há meses surfando no otimismo , diz Vladimir Cramashi, economista-chefe da corretora Fator Doria Atherino. Agora, deixou de fazer vistas grossas a alguns problemas.

O nervosismo do dia refletiu também a preocupação dos investidores com mais uma leva de indefinições em relação à votação da reforma da previdência, que deveria ser avaliada nesta quarta-feira (6/8), mas só deve ser votada na próxima semana. Está havendo uma reavaliação do cenário doméstico em relação a pontos que os investidores não enxergavam no passado ou não davam importância , diz Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management. E muitos investidores, perdidos, apenas seguiram o movimento, realimentando a instabilidade. Apesar de o nervosismo ter prevalecido nos últimos dias, existe otimismo no médio prazo. Não acredito na permanência desse cenário , diz o economista Advaldo de Campos, da Intra Corretora. Quando governo aprovar a reforma da previdência, o mercado vai se acalmar.

A valorização dos títulos americanos, os mais seguros do mundo, ainda influenciam o mercado e despertam interesses dos investidores, provocando uma retração nos mercados emergentes. Mas nesta segunda-feira (4/8), seu poder de atração perdeu força. Os títulos americanos para 10 anos, que servem como parâmetro de comparação com o C-Bond, registraram queda. Fecharam oferecendo retorno de 4,32%, depois de atingirem a máxima de 4,44% na semana passada.

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