A economia de Belo Horizonte, à beira da estagnação nos últimos tempos, começa a emitir sinais de revitalização. Até outubro deste ano, os investimentos anunciados para a cidade já ultrapassavam 300 milhões de dólares -- três vezes mais do que em 2001. Esse dinheiro fará com que, nos próximos anos, novas universidades, shopping centers e uma série de outras iniciativas dos setores de comércio e serviços se tornem realidade.

Após a reestruturação e a redução das dívidas de longo prazo, o governo voltou a investir na melhoria da cidade. A Copasa, estatal responsável pelas redes de água e esgoto, vem investindo 400 milhões de reais em tratamento, o que garantiria o abastecimento de água em Belo Horizonte pelos próximos 20 anos. "Praticamente 100% da população da cidade tem água tratada. E 90,7% conta com esgoto domiciliar. Os dois índices vão emparelhar", afirma Rômulo Thomaz Perilli, diretor de operações da Copasa. A prefeitura de Belo Horizonte tomou um empréstimo de 160 milhões de dólares no Banco Mundial para aplicar na área social. Com outros 80 milhões de reais, o governo municipal já está recuperando a lagoa da Pampulha. A área pode transformar-se num pólo de atração de novos negócios, recebendo investimentos das áreas de turismo, lazer e cultura. "Só depende da aprovação da Câmara dos Vereadores", diz Murilo Valadares, secretário de políticas urbanas da prefeitura.

Durante 50 anos o negócio de José Afonso Assumpção, presidente da Líder Táxi Aéreo, foi voar. Agora, ele espera ganhar dinheiro mais próximo do chão. Com alguns parceiros, erguerá num terreno da Líder o Pátio Savassi, um shopping center avaliado em 27 milhões de dólares. Como ele, Luciano Huck, apresentador da TV Globo, também acredita no potencial do mercado local. Huck percebeu a animação da noite mineira e associou-se aos empresários Flávio Cordeiro, dono do canal que retransmite a MTV, e Juliano Lalcas, franqueado da rede de escolas de inglês Cultura Inglesa. Com 1 milhão de reais, eles abriram o Alegria, um restaurante-lounge na saída para o Rio de Janeiro. "Não havia nada parecido na cidade", diz Cordeiro. A localização pode ser um grande fator para o sucesso do empreendimento: Belo Horizonte está se expandindo nesse eixo e há vários condomínios com moradores de alta renda nas imediações.

Todos eles são potenciais jogadores de golfe. Por isso, o empresário José Antônio Soares Pereira Júnior e três sócios criaram a Golden Grass. A empresa investirá 3 milhões de reais no BH Golfe Center, um centro de treinamento para os amantes do golfe. Um dos sócios da Golden Grass é o americano Robert Packer, especialista em desenho de campos e centros. Packer treina famosos, como o ator escocês Sean Connery, e quatro vezes ao ano dará clínicas na cidade.

A educação é outro mercado em expansão na capital mineira. A Fundação Metropolitana de Ensino e Cultura (Fumec) e a UNI-BH -- ambas instituições privadas -- estão investindo em novos campi e cursos. "Em Belo Horizonte há uma insaciável fome do saber. No longo prazo, poderemos nos transformar numa verdadeira universidade", diz Amâncio Caixeta, professor da Fumec.