"BC tem visão de mundo equivocada"
Para o economista José Roberto Mendonça de Barros, o Banco Central erra ao ignorar a desaceleração da economia e observar apenas a trajetória da inflação para reajustar a taxa de juros
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h53.
A política de juros deve conter a inflação sem descuidar do crescimento. A avaliação soou como um alerta do economista José Roberto Mendonça de Barros, diretor da consultoria MB Associados, um dia depois de o Banco Central (BC) aumentar pelo nono mês seguido a taxa básica de juros. Barros falou sobre o perigo de o BC priorizar a administração dos preços a despeito da desaceleração da economia para uma centena de representantes de grandes indústrias e redes de varejo em um ciclo de palestras promovido pela empresa Nova América para seus clientes.
"Não podemos avaliar a questão do ponto de vista ideológico não é verdade que o Banco Central aumente os juros para favorecer o setor financeiro", diz. "O problema é que o BC tem uma visão de mundo equivocada."
Segundo o economista, o BC decidiu adotar uma cartilha européia de política monetária. "Há cinco anos, o Banco Central Europeu trava o crescimento no continente com sua política restritiva de juros", diz. "Alan Greenspan [presidente do Fed, o Banco Central dos Estados Unidos] vigia as taxas de inflação e também olha os indicadores de crescimento."
Na avaliação do economista, o Comitê de Política Monetária se lançou numa "guerra perdida", pois a inflação vem sofrendo pressões de preços que não são afetados pela taxa básica de juros. "Um exemplo é a tarifa de energia elétrica", afirma. Os preços administrados, como as tarifas de energia, representam cerca de 35% do IPCA, o indicador utilizado pelo governo para acompanhar a inflação. Para Barros, a situação da autoridade monetária está ficando insustentável. "O BC está cada vez mais s", disse. "Ficou difícil encontrar um analista ou economista