BC: manutenção da Selic reflete mudança no balanço de riscos para inflação
Copom decidiu manter a taxa de juros em 6,50%, a despeito de notar que os últimos indicadores de atividade econômica mostram arrefecimento
Estadão Conteúdo
Publicado em 16 de maio de 2018 às 19h20.
Última atualização em 16 de maio de 2018 às 19h20.
Brasília - A decisão do Comitê de Política Monetária ( Copom ) do Banco Central em manter a Selic (a taxa básica de juros) em 6,50% ao ano - interrompendo o ciclo de 12 cortes consecutivos - refletiu a mudança recente no balanço de riscos para a inflação prospectiva, de acordo com comunicado divulgado nesta quarta-feira, 16, pela instituição.
Os membros do colegiado avaliaram que manter a taxa no patamar atual é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante, que inclui os anos de 2018 e 2019.
O BC foi enfático ao destacar que o cenário externo tornou-se mais desafiador e apresentou volatilidade. "A evolução dos riscos, em grande parte associados à normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas, produziu ajustes nos mercados financeiros internacionais. Como resultado, houve redução do apetite ao risco em relação a economias emergentes", justificou a autoridade monetária.
Por isso, o Copom decidiu manter a taxa de juros em 6,50%, a despeito de notar que os últimos indicadores de atividade econômica mostram arrefecimento, em um contexto de recuperação consistente, mas gradual, da economia.
"O Comitê julga que o comportamento da inflação permanece favorável, com diversas medidas de inflação subjacente em níveis ainda baixos, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária", acrescentou o BC.
O Copom repetiu que os fatores de risco para a inflação consideram, de um lado, a propagação do nível baixo de inflação, e de outro, a frustração das expectativas sobre a continuidade de reformas.
Mas o colegiado destacou, desta vez, que o risco de "continuidade" da reversão do cenário externo para as economias emergentes se intensificou desde a última reunião, em março.
"Choques externos devem ser combatidos apenas no impacto secundário que poderão ter na inflação prospectiva. Esses choques, entretanto, podem alterar o balanço de riscos ao reduzir as chances de a inflação ficar abaixo da meta no horizonte relevante, por meio de seus possíveis efeitos secundários", concluiu o BC.
Por fim, o Copom mais uma vez considerou que a conjuntura econômica prescreve uma política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural. O BC repetiu ainda que o processo de reformas na economia contribui para a queda dessa taxa.