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BC indica que pode antecipar ciclo de queda dos juros

Em ata divulgada hoje, BC deixou a porta aberta para acelerar o ritmo de redução dos juros básicos da economia

Banco Central: na semana passada, o BC reduziu a Selic em 0,75 ponto percentual pela segunda vez seguida, a 12,25% ao ano (Ueslei Marcelino/Reuters)
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Reuters

Publicado em 2 de março de 2017 às 09h11.

Última atualização em 2 de março de 2017 às 15h20.

Brasília - O Banco Central afirmou que uma intensificação do ritmo de corte nos juros básicos equivale a maior grau de antecipação desse ciclo de flexibilização, segundo ata do Comitê de Política Monetária ( Copom ) divulgada nesta quinta-feira, reforçando que pode acelerar o passo em breve.

"Os membros do Comitê reafirmaram o entendimento de que, com expectativas de inflação ancoradas, projeções de inflação na meta para 2018 e marginalmente abaixo da meta para 2017, e elevado grau de ociosidade na economia, o cenário básico do Copom prescreve antecipação do ciclo de distensão da política monetária", informou pelo documento.

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Essa extensão, no entanto, foi ponderada por alguns membros do Copom pela ata, porque ela "poderá ser revisada também em função do grau de antecipação do ciclo", segundo a ata, na qual ressaltou a importância das reformas fiscais, com destaque para a da Previdência, para redução da taxa de juros estrutural.

Na semana passada, o BC reduziu a Selic em 0,75 ponto percentual pela segunda vez seguida, a 12,25 por cento ao ano, diante de perda de força da inflação. Também deixou a porta aberta para acelerar o ritmo de redução ao pontuar que esse movimento dependerá não só da extensão do ciclo, mas da evolução da atividade econômica, dos fatores de risco e das projeções e expectativas de inflação.

"A ata passa uma mensagem positiva de flexibilização monetária, com quadro de antecipação do ciclo de acordo com o desempenho das expectativas ancoradas, do choque dos alimentos e da ociosidade", afirmou o economista-sênior do banco Haitong, Flávio Serrano, acrescentando que sua previsão para abril continuava de corte de 0,75 ponto percentual da Selic, mas a evolução de alguns fatores, especialmente a ociosidade industrial, podem mudá-la para 1 ponto.

Liberdade

A ata mostrou ainda que todos os membros do colegiado "manifestaram preferência por manter maior grau de liberdade quanto às decisões futuras", sendo que a "condição fundamental" para qualquer investida é que seja compatível com a manutenção das projeções de inflação na meta e com a ancoragem das expectativas de inflação.

Nesse sentido, o BC defendeu ainda que um ambiente com expectativas ancoradas lhe permite direcionar o foco para evitar possíveis efeitos secundários de ajustes de preços relativos, incluindo o choque de oferta favorável nos preços de alimentos.

"O Copom entende que deve buscar identificar os efeitos primários desse choque de oferta, aos quais a política monetária não deve reagir, levando em conta as condições de demanda no setor", afirmou.

A previsão do BC é de inflação a cerca de 4,2 por cento em 2017 no cenário de mercado e de alta do IPCA a 4,5 por cento no ano seguinte. Também voltou a ressaltar que esses cenários consideram a hipótese de que a Selic alcance 9,5 e 9 por cento ao final de 2017 e 2018, respectivamente.

Em pesquisa Focus mais recente, conduzida pelo BC com mais de uma centena de economistas, a expectativa para a taxa de juros ao fim de 2017 caiu a 9,25 por cento, sobre 9,50 por cento antes. Para o ano que vem, seguiu em 9,0 por cento.

Já a estimativa para a alta do IPCA foi reduzida a 4,36 por cento neste ano e mantida em 4,50 por cento em 2018. A meta oficial é de 4,5 por cento para os dois anos, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

A ata mostrou ainda que continuará reavaliando suas estimativas da taxa estrutural de juros ao longo do tempo, repetindo a mensagem de que a duração do ciclo de queda nos juros vai depender desses cálculos. Também reconheceu que essa dimensão "produz mudanças menos frequentes e mais estruturais para a política monetária".

O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, avaliou que o BC pavimentou o caminho para reduzir a Selic em 0,75 ponto em sua próxima reunião, em abril, ao destacar na ata a convergência da inflação para a meta neste ano e no próximo. Para ele, corte maior de 1 ponto poderá vir a reboque da divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) de 2016, na próxima semana.

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