Economia

BC é cauteloso ao elevar juro para 26,5%

O Comitê de Política Monetária confirmou a unanimidade do mercado e elevou os juros em um ponto percentual, de 25,5% para 26,5% ao ano, sem viés. É a segunda alta consecutiva este ano, que leva a taxa Selic ao seu maior patamar desde maio de 1999. Não foi a única decisão. O Copom também decidiu […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h07.

O Comitê de Política Monetária confirmou a unanimidade do mercado e elevou os juros em um ponto percentual, de 25,5% para 26,5% ao ano, sem viés. É a segunda alta consecutiva este ano, que leva a taxa Selic ao seu maior patamar desde maio de 1999.

Não foi a única decisão. O Copom também decidiu endurecer no front da política monetária pelo lado da oferta de dinheiro e elevou de 45% para 60% o percentual dos depósitos compulsórios sobre depósitos à vista que os bancos têm de manter no BC.

As duas decisões mostram que o BC está mirando na inflação, que já dá sinais de estar bem acima das expectativas. Porém, sua estratégia está sendo bastante cautelosa. "Todo o mercado esperava uma alta das taxas, e a dúvida era se o BC seria cauteloso ou agressivo", diz um administrador de fundos de renda fixa de São Paulo. "Como os juros subiram apenas um ponto, é uma clara opção pela cautela: o BC quer guardar munição para mais tarde."

A interpretação dos operadores é que o Copom poderia ter elevado os juros em até dois pontos percentuais, para erguer uma barreira no caminho da inflação. O problema dessa abordagem super-ortodoxa é que ela deixaria o governo sem munição para enfrentar uma deterioração do cenário internacional ou problemas internos graves -- como uma dificuldade de reformar a Previdência, por exemplo. "Se o BC elevasse os juros para 28% ao ano, o que ele faria em caso de urgência?" pergunta o administrador de fundos. "Elevar para 35% em uma reunião extraordinária? O efeito disso sobre o custo da dívida pública seria insuportável, além de mandar o dólar para a estratosfera."

Por isso, a demonstração de cautela do BC ao não usar apenas as taxas de juros, mas também valer-se da elevação do compulsório (que não afeta tão diretamente o custo de rolar a dívida pública) foi aprovada pelo mercado, que pouco se alterou com a divulgação da notícia. As taxas de juros mantiveram-se em linha com os percentuais da manhã, e o dólar cedeu levemente em relação às cotações do início do dia.

A decisão já era esperada, pelas declarações de lideranças do próprio BC. Ilan Goldfajn, diretor de Política Econômica do Banco Central, já tinha afirmado em um seminário no dia 17 de fevereiro que esperava um estouro da meta de inflação. A previsão de IPCA para 2003 avançou, entre o início e o fim de janeiro, de 11 para 12%, segundo dados do próprio BC. Essas declarações tornaram claras para o mercado as intenções de elevar os juros.

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