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BC dos EUA corta juros em 0,75 ponto, mas não acalma mercados

Para os analistas, tamanho do corte mostra que a situação é grave, e medida só surtirá efeito no segundo trimestre

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h44.

O Federal Reserve (Fed), o banco central americano, surpreendeu o mercado e promoveu um corte de emergência de 0,75 ponto percentual, para 3,5% ao ano, na taxa dos federal funds, os juros básicos dos Estados Unidos. A urgência do corte dá uma medida da gravidade da situação, segundo os analistas. A reunião ordinária do Fed está marcada para a próxima semana, mas o banco decidiu antecipar o corte para conter o pânico nos mercados internacionais. A última vez em que o Fed reuniu-se extraordinariamente foi em 17 de setembro de 2001, ainda sob o efeito dos atentados terroristas daquele ano, e do estouro da bolha da internet, no ano anterior. Naquele encontro, a taxa básica de juros foi cortada em 0,50 ponto, para 2,5% ao ano.

O que motivou o encontro extraordinário foi a tentativa de conter o pânico que tomou conta das principais bolsas de valores do mundo. Os investidores vêm se desfazendo de suas posições com medo dos efeitos da recessão que se desenha para os Estados Unidos nos próximos meses. Pelo segundo dia consecutivo, os principais pregões registraram fortes perdas, devido ao temor de que os Estados Unidos entrem em recessão. Em apenas dois dias, o índice Nikkei da Bolsa de Tóquio, por exemplo, caiu 10%. Nesta terça-feira (22/1), o indicador recuou 5,7% e retornou ao nível de setembro de 2005. A bolsa de Hong Kong perdeu 5,7%. Já as bolsas da Europa abriram em baixa. Pela manhã, Frankfurt cedia 2,17% e Paris, 0,47%, por exemplo.

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Na ata em que comunicou sua decisão, o Fed destacou a deterioração do cenário e os riscos ao crescimento americano. "O Fomc (equivalente ao Copom brasileiro) tomou essa medida [o corte de juros] em vista do enfraquecimento das projeções econômicas e do aumento dos riscos ao crescimento. Enquanto as dificuldades dos mercados de curto prazo foram aliviadas, as condições mais gerais do mercado financeiro continuam a se deteriorar, e o crédito está mais restrito para os negócios e os imóveis. Além disso, novas informações indicam um aprofundamento da contração do mercado imobiliário, bem como do mercado de trabalho", diz a ata.

Por esses motivos, alguns analistas americanos já esperam um novo corte, de 0,50 ponto percentual, na reunião ordinária do Fed, na próxima semana.

Insuficiente

A redução, contudo, não foi suficiente para acalmar os investidores. Após o anúncio do corte, as bolsas americanas seguiram em forte queda. O índice Standard&Poor';s 500 recuava 3,8% no início do pregão da Bolsa de Nova York. O Dow Jones caía 3,6%, e o Nasdaq, 4,4%.

Na avaliação dos economistas, o passo do Fed serviu mais para alarmar o mercado do que para contê-lo. A intensidade do corte foi interpretado pelos investidores como um sinal de que a situação é pior do que supunham.

Para o analista sênior do BES Investimentos, Fábio Knijnik, o corte de juros não evitará a recessão americana, vai apenas atenuá-la. "Sem o corte e o pacote de medidas fiscais do governo Bush, a recessão poderia durar o ano inteiro. Com esse conjunto de ações, ela pode durar o primeiro semestre", diz. De qualquer modo, os efeitos sobre a economia real só serão sentidos no segundo trimestre, acredita Knijnik. "O mercado financeiro responde mais rápido", afirma.

Ainda que os efeitos demorem, o Fed não poderia deixar de agir, diz Alex Agostini, economista-chefe da Austin Ratings. "Um corte de 0,75 ponto, agora, é bem mais efetivo que um corte de 1,5 ponto em meio à recessão", observa.

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