Haruhiko Kuroda: banco central japonês manteve sua meta de taxa de juros de curto prazo em -0,1 por cento (Yuya Shino/Reuters)
Reuters
Publicado em 27 de abril de 2017 às 08h33.
Tóquio - O banco central do Japão fez sua mais otimista avaliação da economia em nove anos nesta quinta-feira em sua reunião de política monetária, e descreveu a recente fraqueza da inflação como temporária, sinalizando confiança de que uma recuperação sustentada ajudará a alcançar sua ambiciosa meta de preços.
O Banco do Japão manteve como esperado sua política monetária, mas o presidente Haruhiko Kuroda admitiu que as percepções do público sobre as futuras altas de preços permanecem fracas, sugerindo que o banco central vai ficar atrás em relação às autoridades monetárias de Estados Unidos e Europa em encerrar seu forte programa de estímulo.
O otimismo sobre a economia e a cautela sobre o cenário para a inflação mostram que o Banco do Japão prefere manter o status quo sobre a política monetária por enquanto, dizem analistas.
"As projeções de inflação e crescimento, assim como a melhora na avaliação econômica, ficaram todas em linha com as projeções do mercado, então não houve surpresa nessa reunião", disse Yasunari Ueno, economista-chefe de mercado do Mizuho Securities.
"Enquanto a economia mantiver seu ímpeto, o Banco do Japão vai provavelmente manter a política monetária até a próxima primavera, quando Kuroda encerra seu mandato."
O banco central japonês manteve sua meta de taxa de juros de curto prazo em -0,1 por cento e a promessa de guiar os rendimentos dos títulos do governo de 10 anos em torno de zero.
Também deixou inalterada a promessa de comprar títulos do governo para que sua carteira aumente a um ritmo anual de 80 trilhões de ienes (719 bilhões de dólares), diante de especulações do mercado de que essa orientação poderia ser removida para abrir caminho a uma eventual retirada do estímulo.
"A economia do Japão tem avançado para uma expansão moderada", disse o banco central na revisão trimestral de suas projeções econômicas e de preços de longo prazo, contra a avaliação do mês anterior de que estava "melhorando moderadamente como tendência".
Foi a primeira vez desde março de 2008 que o banco central do Japão usou a palavra "expansão" para descrever a situação da economia, sinalizando sua convicção de que a recuperação está ganhando força e que não vê necessidade de estímulo adicional.
Apesar da visão econômica favorável, Kuroda lembrou aos mercados que o banco central não está nem perto de um fim de seu forte estímulo.
"Esperamos que a inflação acelere na direção de 2 por cento,mas atualmente a inflação está em torno de zero", disse Kuroda a repórteres.
"Falar especificamente de uma estratégia de saída causaria confusão indevida nos mercados", disse ele. "A condição para que tal debate aconteça é que a inflação alcance 2 por cento."