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Bancos devem perder acesso UE com Brexit, diz ministro britânico

O direito de passaporte, que possibilita que bancos e seguradoras em Londres vendam seus serviços no mercado comum, provavelmente deixará de existir

Brexit: o rancor em relação à burocracia da UE e uma reação contra a imigração foram os motores por trás do referendo (Reuters/Toru Hanai)

Luísa Granato

Publicado em 27 de outubro de 2016 às 20h09.

Londres - Bancos globais provavelmente perderão seus direitos atuais de oferecer serviços na União Europeia após o Brexit , disse o Ministro do Comércio do Reino Unido no resumo mais detalhado já feito sobre o pensamento do governo.

O direito de passaporte, que possibilita que bancos e seguradoras com sede em Londres vendam seus serviços em qualquer lugar do mercado comum, provavelmente deixará de existir depois que o Reino Unido sair do bloco de 28 países, disse Mark Garnier em uma entrevista.

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Ele acrescentou que um sistema alternativo que foi analisado, conhecido como equivalência, provavelmente não será “bom o suficiente” para os bancos.

Garnier, que também é enviado do governo para serviços financeiros, falou então sobre uma versão melhor da equivalência que pudesse funcionar bem para os bancos com sede em Londres.

O inconveniente é que o Reino Unido precisará aceitar todas as regulamentações futuras da UE conforme forem transmitidas por Bruxelas, disse ele.

O rancor em relação à burocracia da UE e uma reação contra a imigração foram os motores por trás do referendo realizado em junho.

“O que estamos tentando conseguir é criar uma versão especial híbrida disso, uma versão melhor da equivalência ou uma versão diferente do direito de passaporte”, disse Garnier, por telefone.

“O que não estamos tentando fazer é nos encaixar em uma categoria já existente. Estamos tentando criar um modelo novo.”

Quando perguntado se isso significa que o direito de passaporte provavelmente acabaria, mas que, com sorte, seria substituído por outra coisa, ele respondeu: “Exatamente.”

Equivalência

Garnier explicou melhor por que o sistema conhecido como equivalência, pelo qual bancos com sede em Londres poderiam continuar operando no mercado comum se as normas do Reino Unido e da UE forem compatíveis, “não necessariamente funcionaria”.

Muitos bancos internacionais, disse ele, desconfiariam dessa equivalência porque o status pode ser retirado com aviso antecipado de 30 dias.

“É completamente possível que tenhamos que simplesmente adotar as normas da UE do jeito que forem estipuladas em relação à regulamentação financeira”, disse ele.

Um novo acordo desse tipo dependeria, acrescentou ele, da criação do “diálogo certo” para elaborar um sistema que funcione tanto para o Reino Unido quanto para a UE.

Inflação

Além de conservar Londres como um centro financeiro, outra consideração para o governo é a desvalorização da libra depois do referendo sobre o Brexit.

Embora ministros tenham argumentado que isso dará um impulso às exportações, outros destacaram o possível impacto do aumento dos preços sobre os consumidores do país. Garnier concorda que a inflação é “simplesmente inevitável”.

Uma luta eclodiu no início deste mês quando Tesco, o maior supermercado do país, interrompeu as vendas de Marmite, depois que a fabricante deste produto alimentício, a Unilever, informou que pretendia elevar o preço devido à redução de valor da libra.

“Foi o apocalipse do Mamite”, disse Garnier. “Os consumidores vão começar a ver o aumento dos preços e não há nada que possamos fazer. Esse foi um dos efeitos muito previstos do Brexit. Isso foi observado muito claramente por todos: o Brexit poderia facilmente provocar uma queda no valor da libra. E isso aconteceu.”

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