Em dez anos, o tráfico aéreo aumentou 45%, mas o consumo subiu apenas 3%, disse Tom Enders, presidente da Airbus (©AFP/Pool/Arquivo / Mike Clarke)
Da Redação
Publicado em 28 de março de 2012 às 17h46.
Paris - Para combater a alta dos preços de petróleo, os principais construtores aeronáuticos do mundo - representados pelo europeu Airbus, pelo americano Boeing e pela brasileira Embraer (concorrentes ferozes) - têm unido forças na pesquisa por biocombustíveis.
"Há um tempo para a competitividade e um tempo para a cooperação", declarou Jim Albaugh, presidente da Boeing. "Duas das principais ameaças que pendem sobre nossa indústria hoje são o preço do petróleo e o impacto do transporte aéreo no meio ambiente", afirmou.
Em dez anos, o tráfego aéreo aumentou 45%, mas o consumo subiu apenas 3%, disse Tom Enders, presidente da Airbus. Ainda assim, diz ele, tem havido aumento das nocivas emissões de gás carbônico para o meio ambiente.
Os combustíveis soltam na atmosfera um C02 que estava soterrado em nosso planeta há milhares de anos, explicam especialistas. Os biocombustíveis, em compensação, devolvem à atmosfera o CO2 que as plantas ou as algas (de onde são extraídos) captaram.
Os cientistas já superaram praticamente todos os obstáculos tecnológicos, mas os desafios econômicos ainda persistem. Apesar dos entraves, os biocombustíveis já são uma realidade e as companhias aéreas já realizaram centenas de voos que mesclam combustíveis biológicos e fósseis.
No início de março, a aerolínea chilena LAN - em fase de fusão com a brasileira TAM para formar a maior linha aérea da América Latina - a LATAM -, realizou com êxito seu primeiro voo comercial com biocombustíveis fabricados com resíduos de azeite vegetal refinado.
O voo, entre as cidades de Santiago e Concepción, cobriu uma distância de 500 km e foi realizado em um avião Airbus A320, com motores CFM56-5B.
Em julho de 2011, a empresa mexicana Interjet já havia realizado com êxito o que foi considerado o primeiro voo com biocombustível da América Latina, que cobre a rota Cidade do México-Tuxtla Gutiérrez, capital do estado de Chiapas.
O problema é que o biocombustivel é 10 vezes mais caro que o querosene e, para passar à escala industrial, é preciso dispor da matéria-prima orgânica.
"O verdadeiro desafio dos biocombustíveis é a produção de biomassa em condições duradouras", afirma Philippe Novelli, do centro francês de investigação aeroespacial, Onera.
A Organização Internacional de Aviação Civil (Oaci), de Montreal, possui ao menos 300 projetos no mundo para produzir biomassa duradoura, sem afetar cultivos ou florestas, como fizeram os primeiros biocombustíveis, extraídos da cana-de-açúcar ou do girassol.