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Aumenta crença de que juros e política limitam crescimento

Pesquisa da FGV mostra que subiu o número de industriais que citam juros e ambiente político como fatores que podem impedir desenvolvimento

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h02.

A escalada da taxa básica de juros (Selic) e a crise política que abalou o governo federal em 2005 deixaram marcas no empresariado brasileiro. De acordo com a Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação divulgada nesta terça-feira (14/2) pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), cresceu a preocupação entre os industriais de que os juros e o ambiente político interno do país podem limitar o crescimento econômico sustentado.

A pesquisa com 1.003 indústrias mostrou que subiu de 19% em 2005 para 33% em 2006 a crença de que os juros altos podem se tornar um freio ao desenvolvimento. Segundo Aloísio Campelo, coordenador de sondagens industriais da FGV, o estudo não reflete necessariamente uma insatisfação diante da atual Selic, de 17,25% ao ano, mas sim um temor de que a taxa possa impedir maiores avanços da indústria.

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"No ano passado, os empresários achavam que seria um ciclo de alta que terminaria logo. Com a escalada, os empresários começaram a ficar mais incomodados", diz. A alta da Selic pelo Banco Central (BC) começou em setembro de 2004, levando a taxa a um pico de 19,75% ao ano em maio de 2005.

Cenário político

Já a crise política que resultou na renúncia e cassação de parlamentares e integrantes do governo causou uma elevação de 2%, em 2005, para 7%, em 2006, no número de industriais que citaram o ambiente político interno como fator limitante à economia brasileira. Na liderança do ranking, no entanto, permaneceu a carga tributária, mencionada por 43% dos entrevistados. Apesar de se manterem no topo da lista dos "vilões" da indústria, os impostos foram menos lembrados em 2006 do que em 2005, quando citados por 55% dos entrevistados como limitadores do crescimento.

As deficiências na infra-estrutura - citadas por 5% dos empresários em 2006 e por 17% em 2005 - e o desequilíbrio das contas públicas - mencionadas por 2% dos entrevistados neste ano, o mesmo percentual que em 2005 - também foram destaque na sondagem.

Expansão da capacidade

A pesquisa da FGV também captou as respostas de 459 empresas sobre as previsões para o aumento da capacidade instalada da indústria de transformação. No geral, a taxa média de expansão prevista para 2006 ficou em 8%, acima da registrada em 2005, de 7%.

As previsões de 2006 para os setores de bens de consumo (9%) e bens de capital (11%) ficaram acima da média. Já materiais de construção e bens intermediários apresentaram perspectivas de expansão abaixo dos 8% da média, de 4% e 7%, respectivamente.

Seguindo as expectativas dos entrevistados, Campelo diz notar uma tendência de recuperação da indústria, principalmente a partir da segunda metade de 2006. "Neste ano, a taxa de crescimento da indústria não vai ser muito maior do que a de 2005, mas há um momento de reaceleração. O primeiro semestre vai ser ainda muito fraco, mas vai haver recuperação. No segundo semestre, a economia vai estar andando mais rápido."

Para o triênio 2005-2008, a expectativa é de crescimento de 17%, abaixo dos 19% citados pelos industriais em 2005. Campelo acredita que a queda se deve não a um pessimismo, mas sim a uma maior previsibilidade do empresariado, o que impede que as taxas de crescimento sejam superestimadas. "Hoje acredito que haja uma percepção mais clara. O regime de metas de inflação e de superávit primário leva à previsibilidade da economia", diz.

A sondagem da FGV foi realizada entre os dias 29 de dezembro de 2005 e 3 de fevereiro de 2006.

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