Ativos problemáticos de crédito devem continuar a crescer, diz BC
Segundo o BC, o risco ganhou corpo principalmente no crédito concedido a grandes corporações
Reuters
Publicado em 3 de abril de 2017 às 16h33.
São Paulo - O estoque de crédito no Brasil deve continuar em declínio no curto prazo, com os "ativos problemáticos" em ascensão, mas o sistema bancário apresenta sólidos índices de capitalização e baixa alavancagem, mostrou o Relatório de Estabilidade Financeira do Banco Central nesta segunda-feira.
"A liquidez dos bancos não é fonte de preocupação", trouxe o documento, com dados do segundo semestre de 2016.
"O sistema bancário tem demonstrado estar preparado para lidar com esse cenário complexo e para se ajustar a eventual aumento de risco", acrescentou.
Segundo o BC, o risco ganhou corpo principalmente no crédito concedido a grandes corporações.
Esses ativos problemáticos representavam cerca de 4 por cento do crédito concedido a empresas em dezembro de 2014 e, no final de 2016, atingiram mais de 8 por cento.
"O aumento de requerimentos de recuperação judicial e o volume de operações com empresas em dificuldade financeira reforçam a percepção de que o risco de crédito a corporações permanecerá elevado no curto prazo", trouxe o documento do BC.
Apesar desse cenário, em meio à fraca atividade econômica, o BC mostrou que a provisão para cobertura desses ativos "tem aumentado e está compatível com o perfil de risco dessas carteiras, o que minimiza a possibilidade de dano à estabilidade do sistema".
A queda da taxa básica de juros também ajudará as empresas não financeiras, bem como a melhoria das perspectivas econômicas.
Para pessoas físicas, acrescentou o BC, os ativos problemáticos da carteira atingiram o maior nível desde 2013, embora com ritmo de crescimento marginal decrescente, o que sugere que o pico de materialização de risco está próximo.
"Contudo, há perspectiva de estabilização para a rentabilidade em 2017, fruto da recuperação da margem de crédito", afirmou o BC.
Os resultados dos testes de estresse, ainda segundo o relatório, mostraram que o sistema bancário está "resiliente para absorver choques" e que eventual "necessidade de capital para reenquadramento regulatório seria relevante apenas em cenários extremamente severos".
O BC também informou que eventuais efeitos da operação Lava Jato no sistema financeiro não mudou em relação ao relatório de outubro de 2015, sem nenhuma instituição insolvente.