Economia

Atenas atrasa pagamento ao FMI em meio a difícil negociação

Na noite desta quinta-feira, o governo grego detalhou suas divergências com os credores sobre o projeto para o futuro financeiro do país


	Bandeiras da Grécia e da União Europeia: Atenas deveria pagar nesta sexta-feira 300 milhões de euros ao FMI
 (Luisa Gouliamaki/AFP)

Bandeiras da Grécia e da União Europeia: Atenas deveria pagar nesta sexta-feira 300 milhões de euros ao FMI (Luisa Gouliamaki/AFP)

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Da Redação

Publicado em 5 de junho de 2015 às 07h49.

O governo grego, atolado em intermináveis negociações com seus credores e com os cofres vazios, adiou até o dia 30 de junho o pagamento dos juros que vencem este mês com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Após a importante reunião em Bruxelas, na quarta-feira, entre o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, sobre o futuro financeiro da Grécia, Atenas pediu ao FMI para honrar os quatro vencimentos deste mês, totalizando 1,4 bilhão de euros, em apenas uma parcela, no dia 30 de junho.

Atenas deveria pagar nesta sexta-feira 300 milhões de euros ao FMI, outros 340 milhões no próximo dia 12, e as duas parcelas restantes nos dias 16 e 19 junho, de 567 e 340 milhões, respectivamente.

O FMI admitiu que pelas regras da instituição, "os países-membros têm a possibilidade de pedir o reagrupamento de vários pagamentos" da dívida em "apenas um".

Atenas negocia com seus credores - UE, FMI e BCE - um acordo que permita receber a última parcela, de 7,2 bilhões de dólares, dos créditos internacionais concedidos ao país para honrar suas dívidas.

Na noite desta quinta-feira, o governo grego detalhou suas divergências com os credores sobre o projeto para o futuro financeiro do país, que as duas partes negociam há meses.

Os credores insistem em excedentes primários (sem levar em conta o pagamento da dívida) mais elevados que os propostos por Atenas, execução dos cortes de salários dos funcionários públicos e das aposentadorias, e o aumento do IVA.

"As propostas dos credores são extremas e o governo grego não pode aceitá-las (...). Isto não ajuda a alcançar um acordo", lamentou uma fonte do governo.

Atenas fez "concessões e compromissos durante os últimos meses nas negociações com os credores sobre seu programa governamental", após a eleição do partido de esquerda radical, no final de janeiro, assinalou a fonte.

De concreto, os credores exigem excedentes primários para 2015, 2016, 2017 e 2018 de 1%, 2%, 3% e 3,5%, respectivamente, enquanto Atenas defende excedentes de 0,6%, 1,5%, 2,5% e 3,5% para os mesmos anos.

"Os excedentes primários têm um papel importante no crescimento. Um ponto mais baixo representa uma soma de 1,8 bilhão de euros para consagrar a economia real e não para o pagamento da dívida", explicou o funcionário.

Os credores também desejam "a supressão de qualquer isenção do IVA", enquanto Atenas defende a aplicação das mudanças no imposto a partir de outubro - fim da temporada turística - e três alíquotas, de 6%, 11% e 23%.

Os credores exigem o prosseguimento da aplicação do polêmico imposto sobre bens imóveis em 2015 e 2016, enquanto Atenas deseja substituir este imposto por um que recaia sobre os proprietários de mais de um imóvel.

Atenas também busca "a reestruturação da dívida pública para evitar que o país siga pedindo empréstimos para honrar seus pagamentos".

O único ponto de convergência entre Atenas e seus credores é a reforma da previdência social, que prevê a unificação dos fundos de pensão, assinalou o governo grego.

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