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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h55.
O Comitê de Política Monetária (Copom) não só não deu por encerrado o ciclo de ajuste da taxa básica de juros (Selic), iniciado em setembro, como também pode elevar o ritmo dos aumentos mensais, caso os fatores que pressionam a inflação se intensifiquem. "É necessário que a autoridade monetária esteja pronta a adequar às circunstâncias o ritmo e a magnitude do processo de ajuste da taxa de juros básica, caso venham a exacerbar-se os fatores de riscos acompanhados pelo Comit", afirma a ata da 108ª reunião do Copom, divulgada nesta sexta-feira (27/5) (se você é assinante, leia ainda reportagem de EXAME sobre o que está errado nos juros brasileiros).
Os riscos apontados pelo Banco Central (BC) são a persistência de focos de pressão sobre a inflação de curto prazo, o que acelerou o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em abril referência oficial para as metas do governo. No mês passado, o IPCA registrou alta de 0,87%, sensivelmente superior ao 0,61% de março. O aumento da inflação pôde ser visto inclusive nos núcleos de inflação, índices que desconsideram os preços cujas variações foram muito acentuadas e que, por isso, provocariam uma distorção no resultado.
"No mínimo, podemos esperar mais uma alta de 0,25 ponto percentual em junho", afirma Sandra Utsumi, economista-chefe do Banco Espírito Santo Investment. Segundo a analista, um dos objetivos da ata foi forçar o mercado a encerrar as especulações sobre quando terminará o ciclo de aumentos. Com isso, o BC procura também influenciar o mercado de taxas de juros futuros. Caso os bancos percebessem que não haveria mais ajustes, ou que o ciclo estivesse perto do fim, as taxas futuras começariam a declinar, o que baratearia o crédito de longo prazo. "Mas a ata foi um modo de o BC alertar o mercado de que o crédito continuará caro, o que é um jeito também de continuar freando a demanda", diz.
O Copom também mostra uma crescente preocupação com a convergência da inflação de 2006 para o centro da meta (4,5%). Segundo a ata, nas projeções que incorporam as variáveis esperadas pelo mercado, tanto a inflação de 2005, quanto a de 2006 encontram-se acima das metas. "A partir de junho, o BC começará a se preocupar cada vez mais com 2006", diz Sandra. Em seu último relatório de mercado, por exemplo, o BC informa que a inflação projetada pelas instituições financeiras para 2005 é de 6,38%. Já para 2006, a previsão vem se mantendo em 5% há 53 semanas.