Argentina intima banco a devolver depósito para pagar dívida
Anúncio foi realizado na véspera do discurso da presidente Cristina Kirchner na Assembleia Geral das Nações Unidas
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Da Redação
Publicado em 22 de setembro de 2014 às 15h19.
Buenos Aires - O governo argentino intimou nesta segunda-feira o Bank of New York (BoNY) a devolver os 539 milhões de dólares depositados para pagar os títulos da sua dívida e que permanecem bloqueados por ordem da justiça dos Estados Unidos devido a um litígio que o país mantém com os fundos especulativos.
"A República Argentina intimou o BoNY Mellon a transferir e entregar todos os bens e fundos que atualmente estão sob seu controle", afirmou o governo em um aviso publicado nos jornais nesta segunda-feira.
O anúncio foi realizado na véspera do discurso da presidente Cristina Kirchner na Assembleia Geral das Nações Unidas , onde denunciará os fundos especulativos como desestabilizadores do sistema financeiro internacional.
Kirchner diz ter recebido o apoio do papa Francisco, crítico severo da usura financeira, depois de um encontro no último sábado no Vaticano.
A intimação ao BoNY inclui um pedido para que a instituição renuncie à sua condição de agente fiduciário, que paga a dívida argentina nos Estados Unidos. O banco, contudo, já sinalizou que deve continuar obedecendo a ordem judicial que determina o congelamento do dinheiro depositado pelo governo argentino.
O juiz nova-iorquino Thomas Griesa congelou os 539 milhões de dólares, o que levou o país a entrar em "default seletivo" desde o dia 30 de julho. A decisão foi tomada em represália por a Argentina não acatar sua ordem de pagar os 100% da dívida de 1,33 bilhão de dólares a fundos chamados pelo governo de "abutres".
A Argentina argumenta que 93% de seus credores aceitaram uma reestruturação de dívida em 2005 e 2010, com reembolsos entre 45% e 70%, e que a oferta também deve ser aceita pelos fundos litigantes.
O Congresso argentino acaba de aprovar uma lei que autoriza ao governo a mudar de Nova York a Buenos Aires, sede de pagamento para manter a regularidade dos pagamentos.
Kirchner se reúne nesta segunda-feira em Nova York com o multimilionário George Soros, que apresentará um plano para sair do "default seletivo". Soros é um dos credores com o pagamento congelado pelo bloqueio judicial nova-iorquino.