Argentina está de portas abertas à espera de investimentos
Pela primeira vez em duas décadas, a Câmara de Comércio dos EUA está levando líderes empresariais para a Argentina
Da Redação
Publicado em 13 de novembro de 2015 às 14h25.
São Paulo - Pela primeira vez em duas décadas, a Câmara de Comércio dos EUA está levando líderes empresariais para a Argentina . Hedge funds internacionais estão arrebatando os ativos do país.
Produtores das pampas férteis estão se preparando para esvaziar os silos bolsas de milho e de soja depois de reter por anos parte da colheita em protesto contra as políticas tributárias.
Nove dias antes da eleição presidencial da Argentina, que está sendo acompanhada de perto, seria difícil exagerar o nível de expectativa no mundo empresarial. A BRF SA, maior empresa de alimentos do Brasil, está expandindo duas fábricas e planejando aquisições.
A BayWa AG, comerciante de grãos com sede em Munique, está montando seu primeiro escritório na segunda maior economia da América do Sul. A Arca Continental SAB, segunda maior engarrafadora de Coca-Cola na América Latina, disse que essa é uma “excelente oportunidade”.
“Há muitas, muitas oportunidades nesse país”, disse Francisco Garza Egloff, CEO da Arca Continental, em uma teleconferência com investidores no dia 23 de outubro.
“Bem localizado, bem posicionado em termos de energia, de commodities e, de agora em diante, sem dívida. É uma excelente oportunidade para trabalhar com um povo bem instruído e preparado”.
A mudança de atitude é gritante. Durante anos, fazer negócios na Argentina foi extremamente frustrante, com 30% de inflação, controles cambias que encareciam a transferência de dinheiro para fora do país, crescimento econômico inferior e políticas governamentais imprevisíveis.
Parece que a recompensa nunca esteve tão perto para as empresas estrangeiras que aguentaram firme, apostando em que o país, que é lar de uma mão de obra instruída, das segundas maiores reservas de gás de xisto do mundo e da terceira maior fonte de exportação de soja, acabaria se normalizando.
“Estamos recebendo os gestos certos agora que essa eleição poderia representar uma nova relação com os EUA e com a comunidade empresarial dos EUA”, disse Jodi Hanson Bond, vice-presidente para as Américas da Câmara de Comércio dos EUA.
Otimismo e pessimismo
Os comentários otimistas das empresas estrangeiras vieram depois de iniciativas de hedge funds e outros investidores que afirmam que a saída da presidente Cristina Kirchner trará benefícios.
Os investimentos de empresas de hedge fund, como a Soros Fund Management LLC, a Third Point LLC e a Perry Capital LLC, dispararam em meio à especulação de que o próximo governo resolverá a disputa judicial com os credores, voltará aos mercados internacionais de capital e realizará reformas a fim de fortalecer o crescimento.
Todo esse entusiasmo não está levando em conta que a recuperação talvez não seja nem rápida nem fácil na Argentina, e não falta pessimismo na região como um todo. Vários bancos europeus estão reduzindo suas operações na América Latina.
A Argentina está envolvida em uma batalha jurídica épica com os hedge funds que exigem o pagamento total da dívida que o governo deixou de honrar em 2001. Os dados econômicos do país são vistos com ceticismo pelo FMI.
A moeda está tão sobrevalorizada, e os limites para a compra e a venda de dólares são tão estritos, que o país desenvolveu diversas taxas de câmbio paralelo, a que indivíduos e empresas recorrem quando não conseguem obter dólares através dos meios oficiais.
Oportunidades, ganhe quem ganhe
Ambos os candidatos presidenciais defendem a necessidade de mudança, embora tenham abordagens distintas. O opositor Mauricio Macri prometeu que acabará com os controles de capital e deixará o peso fluir, e Daniel Scioli, do partido de situação, fez votos de implementar reformas graduais e, inicialmente, conservar os controles cambiais.
De qualquer forma, a mudança de governo trará repercussões para mais de 70 empresas listadas no S&P 500 Index, que têm exposição cambial à Argentina, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O país também alberga alguns dos maiores produtores de energia, como BP Plc, Total SA e Petróleo Brasileiro SA.
Jorge Becerra, diretor administrativo para a América Latina na Boston Consulting Group, disse que as empresas estão vendo oportunidades para incrementar os investimentos na Argentina independentemente de quem ganhe a eleição. Companhias dedicadas à infraestrutura, à energia e aos serviços financeiros estão entre as que buscam oportunidades no país, de acordo com Becerra.
“Há um novo interesse em compreender como captar, monetizar e promover o crescimento no país”, disse Becerra, de Santiago.
São Paulo - Pela primeira vez em duas décadas, a Câmara de Comércio dos EUA está levando líderes empresariais para a Argentina . Hedge funds internacionais estão arrebatando os ativos do país.
Produtores das pampas férteis estão se preparando para esvaziar os silos bolsas de milho e de soja depois de reter por anos parte da colheita em protesto contra as políticas tributárias.
Nove dias antes da eleição presidencial da Argentina, que está sendo acompanhada de perto, seria difícil exagerar o nível de expectativa no mundo empresarial. A BRF SA, maior empresa de alimentos do Brasil, está expandindo duas fábricas e planejando aquisições.
A BayWa AG, comerciante de grãos com sede em Munique, está montando seu primeiro escritório na segunda maior economia da América do Sul. A Arca Continental SAB, segunda maior engarrafadora de Coca-Cola na América Latina, disse que essa é uma “excelente oportunidade”.
“Há muitas, muitas oportunidades nesse país”, disse Francisco Garza Egloff, CEO da Arca Continental, em uma teleconferência com investidores no dia 23 de outubro.
“Bem localizado, bem posicionado em termos de energia, de commodities e, de agora em diante, sem dívida. É uma excelente oportunidade para trabalhar com um povo bem instruído e preparado”.
A mudança de atitude é gritante. Durante anos, fazer negócios na Argentina foi extremamente frustrante, com 30% de inflação, controles cambias que encareciam a transferência de dinheiro para fora do país, crescimento econômico inferior e políticas governamentais imprevisíveis.
Parece que a recompensa nunca esteve tão perto para as empresas estrangeiras que aguentaram firme, apostando em que o país, que é lar de uma mão de obra instruída, das segundas maiores reservas de gás de xisto do mundo e da terceira maior fonte de exportação de soja, acabaria se normalizando.
“Estamos recebendo os gestos certos agora que essa eleição poderia representar uma nova relação com os EUA e com a comunidade empresarial dos EUA”, disse Jodi Hanson Bond, vice-presidente para as Américas da Câmara de Comércio dos EUA.
Otimismo e pessimismo
Os comentários otimistas das empresas estrangeiras vieram depois de iniciativas de hedge funds e outros investidores que afirmam que a saída da presidente Cristina Kirchner trará benefícios.
Os investimentos de empresas de hedge fund, como a Soros Fund Management LLC, a Third Point LLC e a Perry Capital LLC, dispararam em meio à especulação de que o próximo governo resolverá a disputa judicial com os credores, voltará aos mercados internacionais de capital e realizará reformas a fim de fortalecer o crescimento.
Todo esse entusiasmo não está levando em conta que a recuperação talvez não seja nem rápida nem fácil na Argentina, e não falta pessimismo na região como um todo. Vários bancos europeus estão reduzindo suas operações na América Latina.
A Argentina está envolvida em uma batalha jurídica épica com os hedge funds que exigem o pagamento total da dívida que o governo deixou de honrar em 2001. Os dados econômicos do país são vistos com ceticismo pelo FMI.
A moeda está tão sobrevalorizada, e os limites para a compra e a venda de dólares são tão estritos, que o país desenvolveu diversas taxas de câmbio paralelo, a que indivíduos e empresas recorrem quando não conseguem obter dólares através dos meios oficiais.
Oportunidades, ganhe quem ganhe
Ambos os candidatos presidenciais defendem a necessidade de mudança, embora tenham abordagens distintas. O opositor Mauricio Macri prometeu que acabará com os controles de capital e deixará o peso fluir, e Daniel Scioli, do partido de situação, fez votos de implementar reformas graduais e, inicialmente, conservar os controles cambiais.
De qualquer forma, a mudança de governo trará repercussões para mais de 70 empresas listadas no S&P 500 Index, que têm exposição cambial à Argentina, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O país também alberga alguns dos maiores produtores de energia, como BP Plc, Total SA e Petróleo Brasileiro SA.
Jorge Becerra, diretor administrativo para a América Latina na Boston Consulting Group, disse que as empresas estão vendo oportunidades para incrementar os investimentos na Argentina independentemente de quem ganhe a eleição. Companhias dedicadas à infraestrutura, à energia e aos serviços financeiros estão entre as que buscam oportunidades no país, de acordo com Becerra.
“Há um novo interesse em compreender como captar, monetizar e promover o crescimento no país”, disse Becerra, de Santiago.