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Argentina começa renegociação de;dívidas vencidas com credores

Economistas e investidores internacionais consideram a reestruturação financeira uma urgência e questionam se a recuperação econômica da Argentina se sustenta

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h30.

A Argentina começa a primeira rodada de negociações com credores privados nesta semana. Entre eles, está o Comitê Global, que concentra 37 bilhões dos 82 bilhões de dólares da moratória argentina. O grupo foi constituído em janeiro e representa credores institucionais e privados da Itália, Alemanha, Suíça, Áustria, Japão, França e Estados Unidos. Em março, a entidade pediu que o governo argentino reconhecesse o comitê como interlocutor dos credores, mas foram convidados 26 para negociar. O ministro da Economia, Roberto Lavgna, disse que o governo argentino dará tramento igualitário para todos os credores privados.

Segundo análise publicada no americano The Wall Street Journal, a renegociação da dívida é a missão mais urgente do ministro da Economia. Sem a reestruturação, a Argentina sofrerá restrições de acesso a novos financiamentos no futuro, complicando o caixa do governo que sofrerá um desembolso de 70 bilhões de dólares para pagar dívidas que vencem em dois ou três anos. Lavagna, entretanto, corre o risco de ser uma vítima de próprio sucesso. A força com que a economia argentina vem crescendo provocou um aumento das expectativas dos credores para pagamentos maiores que a proposta do governo.

A Argentina conseguiu uma recuperação econômica surpreendente depois da retração de 10,9% em 2002. Em 2003, o país cresceu 8,3%. Para esse ano, projeta-se um aumento de 7,1% no Produto Interno Bruto (PIB). Enquanto isso, a inflação fechou o ano passado a 3,7%, deve encerrar 2004 a 2,3% e o superávit fiscal do primeiro trimestre deste ano deve dobrar a meta do FMI.

Ainda assim, boa parte dos investidores estrangeiros ainda enxerga uma outra Argentina: um pária internacional que ignora os direitos de propriedade, prejudica negócios de estrangeiros em razão de erros em seus próprios planejamentos, ameaça o Fundo Monetário Internacional (FMI) com propostas extorsivas e tenta forçar os credores a aceitar centavos no ajuste de suas dívidas em dólar.

Para o presidente do Banco Central argentino, Alfonso Pra-Gay, a visão dúbia que o mercado internacional tem do país é um problema. "São frustrantes o fato de a maioria dos investidores estrangeiros permanecer ainda com a imagem de país caloteiro e as desculpas encontradas por economistas estrangeiros para ignorarem o sucesso da recuperação econômica do país".

Os céticos argumentam que a Argentina precisa administrar temas controversos como as deficiências do setor de produção de energia e gás e a esperada reestruturação da dívida vencida de 82 bilhões de dólares. Enquanto isso não ocorrer, muitos investidores e economistas têm medo que a economia não terá acesso "ao combustível material nem ao financeiro" que precisa para sustentar o crescimento.

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