Argentina ameaça estender barreiras a outros produtos do Brasil
Têxteis, calçados, autopeças e máquinas agrícolas podem sofrer restrições de importação pela Argentina, que já havia anunciado medidas para conter as vendas de eletrodomésticos brasileiros no início da semana
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h31.
O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, e membros de seu governo ameaçaram adotar restrições à importação de mais produtos brasileiros, além dos eletrodomésticos de linha branca. Kirchner citou explicitamente o setor têxtil. "Não descarto a possibilidade de que as restrições sejam ampliadas para os têxteis", disse. Outras autoridades argentinas assinalaram, porém, que as barreiras podem envolver também calçados, autopeças e máquinas agrícolas, segundo o jornal argentino La Nación.
Analistas consideram que Kirchner aumentou o mal-estar entre Brasil e Argentina, quando afirmou, na quarta-feira (7/7), que o Mercosul foi criado para desenvolver a indústria de toda a região, e não apenas de um país. Se isto acontecer, segundo o presidente argentino, o bloco não servirá para nada.
Para o secretário de Comércio Exterior do país vizinho, Martín Redrado, a negociação com o Brasil envolverá a busca de compensações ao desequilíbrio entre os dois países. O governo argentino questionara as linhas de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aos produtores brasileiros. Para Kirchner, o BNDES adota taxas de juros subsidiadas, criando condições artificiais de competição. A situação se agravaria com a disparidade cambial entre o peso e o real.
Representantes dos dois países tentam articular um encontro entre Kirchner e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, para tratar do assunto. Ambos estão em Puerto Iguazú, na Argentina, participando da reunião de cúpula dos presidentes do Mercosul. Mas a agenda oficial do evento não prevê nenhum encontro reservado entre os dois. Ontem à noite (7/7), Lula e Kirchner sentaram-se à mesma mesa, durante jantar oferecido pela Argentina aos chefes de estado que participam da cúpula.