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Após três anos de retração, construção civil volta a crescer

Retomada de investimentos em outros setores deve levar o setor a crescer 4,5% neste ano

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h45.

Após três anos consecutivos de retração, a construção civil voltará a crescer em 2004. A expansão projetada para este ano, 4,5%, não é suficiente para recuperar sequer as perdas de 2003, quando o setor encolheu 8,6%. Entre 2001 e o ano passado, a queda acumulada é de 12,6%. Mas o simples fato de experimentar um ano de crescimento já é um alívio para os construtores. "Não será nada espetacular, mas o setor está crescendo", afirma Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP).

A deterioração da renda e do nível de emprego nos últimos anos, a falta de financiamento habitacional e de investimentos em infra-estrutura são alguns dos fatores que levaram a construção civil a registrar sucessivos recuos. O último ano em que o setor cresceu foi 2000, a uma taxa de 2,62%. Desde então, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou uma contínua recessão. Em 2001, a construção encolheu 2,66%; em 2002, 1,8%. Em 2003, a queda foi mais brusca (8,6%) e contribuiu para que o Produto Interno Bruto (PIB) do país encerrasse com retração de 0,2%.

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Os empresários do setor iniciaram 2004 esperando um crescimento de 4,5%. A divulgação dos dados do primeiro trimestre, contudo, trouxe apreensão: a indústria da construção recuou 2,3%. "Esse desempenho ainda foi um rescaldo do ano passado. A construção civil sempre demora um pouco mais para reagir ao crescimento de outros setores", afirma Zaidan. De qualquer modo, o resultado do primeiro trimestre foi suficiente para que o setor rebaixasse a expectativa de crescimento para 3,7%.

Expansão do investimento

Os números do segundo trimestre foram mais animadores. O setor cresceu 6,7% na comparação com igual período do ano passado. O desempenho foi suficiente para assegurar uma expansão de 2% no primeiro semestre, em relação ao mesmo intervalo de 2003. "A reação está ocorrendo de modo homogêneo, não há nenhum setor que se destaque", afirma Zaidan. Isso significa que tanto as obras públicas, quanto as privadas, voltaram a crescer a partir de março.

Segundo Zaidan, o que está puxando a construção civil é a retomada dos investimentos em outros setores. No primeiro semestre, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 4,2%. Para a construção civil, a melhor notícia, porém, foi a expansão de 6,8% na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que envolve a aquisição de bens de capital e a implantação de instalações físicas o que requer obras civis. Trata-se da maior taxa desde 2001, conforme o IBGE. "A indústria da construção é muito sensível a novos investimentos e é inegável que eles estão crescendo neste ano", diz Zaidan.

Depois de divulgado o desempenho das construtoras no primeiro semestre e de verificar a tendência de alta dos investimentos, os construtores revisaram pela segunda vez, neste ano, a projeção de crescimento do setor, elevando-a de 3,7% novamente para 4,5%. "Só haverá outra revisão se os números do terceiro trimestre forem favoráveis", afirma Zaidan.

Outros sinais de que a construção civil conseguirá encerrar o ano no azul vêm do mercado imobiliário. O número de unidades residenciais vendidas (apartamentos e casas) está crescendo. Segundo o Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), foram vendidas 1 553 novas unidades na capital paulista em agosto, contra 1 028 em julho (últimos dados disponíveis). No primeiro semestre, as vendas cresceram 29% sobre igual período de 2004, atingindo 9 223 unidades novas, contra 7 218.

Emprego

O nível de emprego também respondeu positivamente aos novos estímulos. Entre janeiro e agosto, a construção civil criou 100,7 mil vagas formais. Isso significa um nível de emprego 8,71% maior que o registrado em dezembro do ano passado. Ao todo, o setor ocupa 1,26 milhão de pessoas com carteira assinada no país, conforme a GV Consult, com base em dados do Ministério do Trabalho.

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