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Após 20 anos, Rússia entrará oficialmente na OMC

Como 156º membro da organização, o país abrirá ao mundo um mercado de mais de 140 milhões de consumidores

Gás natural: a Rússia tem as maiores reservas de gás natural do mundo, a segunda de carvão e a oitava de petróleo (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de agosto de 2012 às 20h29.

Moscou - A Rússia se transformará oficialmente nesta quarta-feira, após quase duas décadas de negociações, no 156º membro da Organização Mundial do Comércio (OMC), e abrirá assim ao mundo um mercado de mais de 140 milhões de consumidores.

A adesão da Rússia à OMC teve uma forte oposição no país, sobretudo dos comunistas, que inclusive recorreram sem sucesso à justiça por considerá-la altamente prejudicial aos interesses da nação.

O longo caminho da adesão começou em 17 de junho de 1995, quando foi realizada em Genebra a primeira das 31 reuniões do Grupo de Trabalho que foram necessárias para se conseguir um acordo para incluir o país na organização.

Dois anos antes, o então presidente russo, o já falecido Boris Yeltsin, tinha pedido a entrada da Rússia no Acordo Geral sobre Tarifas Alfandegárias e Comércio (GATT), antecessor da OMC, para evitar a discriminação em seu comércio com Ocidente.

Na época, a Rússia se encontrava imersa em uma profunda crise econômica e acabava de começar sua caminhada para transformar uma economia centralizada e planificada em capitalista.

Para ingressar na OMC, as autoridades russas tiveram que fechar 30 acordos bilaterais sobre o acesso aos mercados de serviços e 57 sobre o setor de mercadorias do país.

As negociações mais complexas foram com os Estados Unidos e a União Europeia (UE). As conversas com Washington, que duraram seis anos e culminaram com a assinatura de um protocolo de intenções, em 2006, foram minadas por divergências em relação à regulação dos mercados financeiros, direitos de propriedade intelectual e à importações de produtos agrícolas americanos.

O acordo com a União Europeia foi estipulado em 2010, após Moscou aderir ao Protocolo de Kioto sobre Mudança Climática. O último grande empecilho que a Rússia teve que superar foi a oposição da Geórgia, antiga república soviética, com quem travou uma guerra de cinco dias em agosto de 2008, e que tinha declarado sua intenção de bloquear a entrada de Moscou na organização.


Esta dificuldade foi superada em novembro do ano passado, quando Moscou e Tbilisi assinaram um acordo para o controle de passagem de mercadorias pelas regiões separatistas georgianas da Ossétia do Sul e a Abkházia, que a Rússia reconhece como Estados independentes.

Os analistas consideram que a Rússia se beneficiará enormemente ao abrir seus mercados ao mundo, que necessita dos abundantes recursos naturais que o país dispõe. Apesar disso, a entrada na OMC significará um grande ajuste para Rússia, que terá que diminuir substancialmente as tarifas que atualmente adota para as importações.

Para Gennady Ziuganov, líder do principal grupo opositor do país, o Partido Comunista, a Rússia não está preparada para ingressar na OMC. 'O estado dos principais setores da economia não permite competir com as corporações ocidentais e o restante da indústria não fabrica produtos que o mercado mundial necessita', afirmou.

Ziuganov sustentou que não há estímulos econômicos para o ingresso da Rússia na OMC, pois as principais exportações russas, as matérias-primas e o combustível, não são objeto das regulações da instituição.

A Rússia tem as maiores reservas de gás natural do mundo, a segunda de carvão e a oitava de petróleo, matérias-primas que ao lado da siderurgia, indústria madeireira e armamentos constituem 80% de suas exportações.

Como resultado de sua entrada na OMC, a Rússia deverá diminuir até 2015 sua taxa alfandegária da média atual de 9,5% até 6%.

Em 2011, Rússia exportou US$ 522 bilhões em mercadorias e US$ 54 bilhões em serviços, ocupando o nono lugar entre os maiores exportadores do mundo.

Nesse mesmo ano, as importações russas de mercadorias e de serviços totalizaram US$ 323 bilhões e US$ 90 bilhões, respectivamente.

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Moscou - A Rússia se transformará oficialmente nesta quarta-feira, após quase duas décadas de negociações, no 156º membro da Organização Mundial do Comércio (OMC), e abrirá assim ao mundo um mercado de mais de 140 milhões de consumidores.

A adesão da Rússia à OMC teve uma forte oposição no país, sobretudo dos comunistas, que inclusive recorreram sem sucesso à justiça por considerá-la altamente prejudicial aos interesses da nação.

O longo caminho da adesão começou em 17 de junho de 1995, quando foi realizada em Genebra a primeira das 31 reuniões do Grupo de Trabalho que foram necessárias para se conseguir um acordo para incluir o país na organização.

Dois anos antes, o então presidente russo, o já falecido Boris Yeltsin, tinha pedido a entrada da Rússia no Acordo Geral sobre Tarifas Alfandegárias e Comércio (GATT), antecessor da OMC, para evitar a discriminação em seu comércio com Ocidente.

Na época, a Rússia se encontrava imersa em uma profunda crise econômica e acabava de começar sua caminhada para transformar uma economia centralizada e planificada em capitalista.

Para ingressar na OMC, as autoridades russas tiveram que fechar 30 acordos bilaterais sobre o acesso aos mercados de serviços e 57 sobre o setor de mercadorias do país.

As negociações mais complexas foram com os Estados Unidos e a União Europeia (UE). As conversas com Washington, que duraram seis anos e culminaram com a assinatura de um protocolo de intenções, em 2006, foram minadas por divergências em relação à regulação dos mercados financeiros, direitos de propriedade intelectual e à importações de produtos agrícolas americanos.

O acordo com a União Europeia foi estipulado em 2010, após Moscou aderir ao Protocolo de Kioto sobre Mudança Climática. O último grande empecilho que a Rússia teve que superar foi a oposição da Geórgia, antiga república soviética, com quem travou uma guerra de cinco dias em agosto de 2008, e que tinha declarado sua intenção de bloquear a entrada de Moscou na organização.


Esta dificuldade foi superada em novembro do ano passado, quando Moscou e Tbilisi assinaram um acordo para o controle de passagem de mercadorias pelas regiões separatistas georgianas da Ossétia do Sul e a Abkházia, que a Rússia reconhece como Estados independentes.

Os analistas consideram que a Rússia se beneficiará enormemente ao abrir seus mercados ao mundo, que necessita dos abundantes recursos naturais que o país dispõe. Apesar disso, a entrada na OMC significará um grande ajuste para Rússia, que terá que diminuir substancialmente as tarifas que atualmente adota para as importações.

Para Gennady Ziuganov, líder do principal grupo opositor do país, o Partido Comunista, a Rússia não está preparada para ingressar na OMC. 'O estado dos principais setores da economia não permite competir com as corporações ocidentais e o restante da indústria não fabrica produtos que o mercado mundial necessita', afirmou.

Ziuganov sustentou que não há estímulos econômicos para o ingresso da Rússia na OMC, pois as principais exportações russas, as matérias-primas e o combustível, não são objeto das regulações da instituição.

A Rússia tem as maiores reservas de gás natural do mundo, a segunda de carvão e a oitava de petróleo, matérias-primas que ao lado da siderurgia, indústria madeireira e armamentos constituem 80% de suas exportações.

Como resultado de sua entrada na OMC, a Rússia deverá diminuir até 2015 sua taxa alfandegária da média atual de 9,5% até 6%.

Em 2011, Rússia exportou US$ 522 bilhões em mercadorias e US$ 54 bilhões em serviços, ocupando o nono lugar entre os maiores exportadores do mundo.

Nesse mesmo ano, as importações russas de mercadorias e de serviços totalizaram US$ 323 bilhões e US$ 90 bilhões, respectivamente.

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