Aparelho que auxilia pouso em Congonhas teria falhado no momento do acidente da TAM
A torre de controle do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, teria falhado no dia do acidente com um Airbus A320 da TAM que matou mais de 200 pessoas, segundo fontes do setor aéreo ouvidas por EXAME. De acordo com relatos de um piloto que pousou em Congonhas dez minutos antes do Airbus da TAM, […]
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h32.
A torre de controle do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, teria falhado no dia do acidente com um Airbus A320 da TAM que matou mais de 200 pessoas, segundo fontes do setor aéreo ouvidas por EXAME. De acordo com relatos de um piloto que pousou em Congonhas dez minutos antes do Airbus da TAM, do presidente de uma companhia aérea e de um executivo de outra empresa do setor, o ILS (Instrument Landing System), aparelho que auxilia os pilotos em pousos com condições de visibilidade pouco favoráveis, estava com defeito na hora do desastre. O Comando da Aeronáutica, responsável pela operação das torres de controle, nega problemas e diz que o ILS funcionava perfeitamente.
A hipótese de problemas no sistema de orientação de pouso por instrumento é reforçada pela forma como o Airbus da TAM tocou a pista de Congonhas. De acordo com relatos de especialistas, o piloto da TAM passou da faixa de 1 000 metros em que deveria começar o pouso. "Isso ocorre normalmente quando o piloto chega em altitute muito elevada na cabeceira da pista", diz um especialista em segurança de vôo do CTA, o Centro Técnico Aeroespacial. Quando as condições de visibilidade são ruins e não há auxílio do ILS, os pilotos são obrigados a fazer a aproximação com o avião voando mais alto. Na quarta-feira, um dia depois do acidente, outro piloto da TAM passou por apuros. Um Fokker-100 da companhia foi obrigado a arremeter para evitar novo desastre. Por causa da neblina e da falta do ILS, o piloto fez a aproximação em altitude elevada e teve que desistir do pouso.
O piloto ouvido por EXAME, um experiente comandante com mais de 15 000 horas de vôo, pousou em Congonhas cerca de dez minutos antes do Airbus que se acidentou. Pouco antes de aterrissar ele recebeu por rádio o aviso da torre de que o ILS não estava funcionando. "Não é raro que problemas como esses ocorram em Congonhas", afirma o piloto.
O secretário executivo da Federação Nacional dos Controladores de Vôo, Ricardo Sterchele, confirma que é comum o ILS de Congonhas sair de operação. "Ele pára de funcionar diversas vezes, principalmente quando fica molhado", afirma. "Quando mais se precisa do equipamento é quando ele mais sai de operação."
Ao saber que estava sem o auxílio do sistema de pouso por instrumento, o piloto solicitou permissão para pousar na pista auxiliar, que tem o grooving (ranhuras feitas na pista para ajudar a água da chuva a escoar). O motivo: diante de uma condição de visibilidade prejudicada, com chuva e sem a ajuda do ILS, uma pista com grooving seria mais segura. A falta de grooving na pista principal e do ILS, no entanto, não têm o poder de derrubar aviões. Tanto é que várias outras aeronaves pousaram sem problemas no mesmo dia e nas mesmas condições em que o Airbus da TAM que se acidentou. Outros fatores, como o problema em um dos reversores, podem ter contribuído para o desastre. A TAM não quis comentar as informações.