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Analistas veem política monetária do Banco Central acertada

Dados recentes vêm aumentando cada vez mais a possibilidade de o IPCA, que baliza a meta de inflação, ficar abaixo de 3% no final de 2017

BC: a principal avaliação é que a equipe de Ilan teve sucesso em ancorar as expectativas de inflação (Gustavo Gomes/Bloomberg)
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Reuters

Publicado em 21 de setembro de 2017 às 16h04.

Última atualização em 21 de setembro de 2017 às 16h07.

São Paulo - O Banco Central acertou no ritmo de condução da política monetária mesmo que a inflação caminhe para encerrar o ano abaixo do piso do objetivo oficial pela primeira vez desde a adoção do regime de metas em 1999, avaliam analistas consultados pela Reuters.

Dados recentes vêm aumentando cada vez mais a possibilidade de o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que baliza a meta de inflação, ficar abaixo de 3 por cento no final de 2017 --o alvo para este ano é de 4,5 por cento, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

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Nesta quinta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o IPCA-15 de setembro subiu 0,11 por cento na comparação sobre o mês anterior e acumulou alta de 2,56 por cento em 12 meses.

"Não acho que o BC tenha cometido enganos. Essa gestão do BC começou há um ano e ela foi ganhando credibilidade, não tinha histórico. O BC teve que fazer movimentos prudentes e foi bem-sucedido", diz o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Salomão Quadros.

Ex-economista-chefe do banco Itaú, Ilan Goldfajn assumiu a presidência do BC em junho do ano passado, depois que Michel Temer assumiu a Presidência com o processo de impeachment de Dilma Rousseff.

A principal avaliação é que a equipe de Ilan teve sucesso em ancorar as expectativas de inflação. O último relatório Focus, pesquisa do Banco Central realizada semanalmente com uma centena de economistas, mostra, por exemplo, que a projeção para o IPCA deste ano é de 3,08 por cento. No mês da posse de Ilan, a estimativa estava em 5,50 por cento.

"O BC foi muito bem. É melhor pecar pelo excesso do que pela falta dele", disse o professor da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo (USP), Heron do Carmo.

Diante do quadro de fraqueza da inflação, o BC vem sendo capaz de reduzir a taxa básica de juros desde outubro do ano passado. Atualmente, a Selic está em 8,25 por cento, após seis pontos percentuais de corte.

Alimentos e recessão

O cenário de queda da inflação não contou exclusivamente com a ancoragem das expectativas. Parte do processo de desinflação pode ser explicada pela redução dos preços dos alimentos diante de uma safra agrícola bastante positiva.

Em 12 meses, até setembro, o item alimentação e bebidas recuou 2,21 por cento no IPCA-15.

O quadro recessivo enfrentado pela economia brasileira entre o fim de 2014 e 2016 também contribuiu para a queda da inflação ao reduzir a demanda por serviços.

"Há sobra de capacidade e o desemprego dobrou, enquanto isso, a inflação de alimentos continua a surpreender para baixo", disse o economista do banco UBS Brasil Fabio Ramos.

Apesar do cenário positivo para o BC, se a meta de inflação ficar abaixo de 3 por cento, a autoridade monetária será obrigada a justificar formalmente as razões que levaram a inflação a ficar fora da margem de tolerância.

Isso seria um fato inédito, já que o BC descumpriu seu objetivo três vezes desde a adoção do regime de metas em 1999, mas em todos esses casos entregou a inflação acima do alvo.

"Se esse cenário se confirmar, ele vai mandar a carta com gosto. Vai ser só uma prova do sucesso do BC na desinflação", afirmou Ramos.

No relatório de inflação, divulgado nesta quinta-feira, o BC passou a ver a inflação ainda mais abaixo do centro da meta em 2017 e 2018 e próximo dela em 2019 e 2020, o que abre caminho para que a Selic eventualmente caminhe para abaixo de 7 por cento.

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