Economia

América Latina tem 20 milhões de "nem-nem", maioria mulheres

A América Latina tem cerca de 20 milhões de jovens com entre 15 e 24 anos que não estudam ou trabalham


	Nem-nem: a América Latina tem cerca de 20 milhões de jovens com entre 15 e 24 anos que não estudam ou trabalham
 (Flickr/Creative Commons/Alex)

Nem-nem: a América Latina tem cerca de 20 milhões de jovens com entre 15 e 24 anos que não estudam ou trabalham (Flickr/Creative Commons/Alex)

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Da Redação

Publicado em 20 de janeiro de 2016 às 08h42.

A América Latina tem cerca de 20 milhões de jovens com entre 15 e 24 anos que não estudam ou trabalham, os chamados "nem-nem", em sua maioria mulheres, revela um estudo do Banco Mundial divulgado nesta terça-feira, em Washington.

Este fenômeno afeta um a cada cinco jovens nesta faixa etária, um enorme grupo que exige ações especiais para evitar a deserção escolar, destaca o estudo "Nem-Nem na América Latina".

"O Nem-Nem latino-americano típico é uma mulher em um lar urbano", informa o documento, destacando que dois terços dos jovens nesta situação são do sexo feminino.

O economista Rafael de Hoyos, um dos autores do estudo, disse à AFP que um dos elementos essenciais deste cenário é a gravidez adolescente, que conduz inicialmente ao abandono escolar de jovens que mais tarde não terão acesso ao mercado de trabalho.

"Estas mulheres jovens, seja por casamento precoce ou por gravidez na adolescência, saem da escola e sem uma educação completa fica muito difícil arrumar um emprego que lhe permita contribuir com a manutenção da família".

Segundo Hoyos, apesar das mulheres responderem por grande parte dos "nem-nem" latino-americanos, nas últimas duas décadas aumentou consideravelmente o número de homens nesta situação.

De acordo com o estudo, praticamente todo o aumento de 1,8 milhão de "nem-nem" latino-americanos desde 1992 se deve ao crescimento dos casos entre os homens.

"O principal fator neste caso é a necessidade de deixar a escola para buscar emprego. Como se trata de jovens sem muita experiência, a maioria consegue trabalhos informais ou de baixa remuneração, e os que perdem seu emprego não voltam para a escola", destacou Hoyos.

Para o especialista, a gravidade deste problema é tamanha que nem o ciclo de crescimento regional puxado pelos preços das matérias-primas, que permitiu a redução da pobreza extrema, conseguiu mudar este cenário.

"Apesar do desempenho da América Latina a partir do ano 2000, a proporção de 'nem-nem' caiu apenas de forma marginal, e aumentou o número total de jovens nesta situação".

O estudo revela ainda que 60% destes jovens pertencem aos lares 40% mais pobres de cada sociedade, o que faz que sua situação perpetue a desigualdade de uma geração para a outra.

"Para resolver este problema é preciso pensar em medidas que ajam de forma paralela, mas a prioridade absoluta é estabelecer estratégias para prevenir que os jovens abandonem a escola", concluiu Hoyos.

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