Economia

América Latina mira cada vez mais o Pacífico

"A fascinação pela história de êxito ou interesse pelo 'século do Pacífico' tem sido estendida de forma poderosa à América Latina", afirmou John Chipman

Comprador observa as bandeiras brasileira e chinesa: as exportações dos países da Aliança do Pacífico à Ásia totalizaram 71 bilhões de dólares em 2011 (©AFP / yasuyoshi chiba)

Comprador observa as bandeiras brasileira e chinesa: as exportações dos países da Aliança do Pacífico à Ásia totalizaram 71 bilhões de dólares em 2011 (©AFP / yasuyoshi chiba)

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Da Redação

Publicado em 13 de setembro de 2012 às 18h58.

Londres - A América Latina quer continuar aproveitando o dinamismo econômico da região Ásia-Pacífico, mas evitando a dependência da China, que já se converteu em um dos seus principais investidores e sócios comerciais, disse nesta quinta-feira o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS).

"A fascinação pela história de êxito ou interesse pelo 'século do Pacífico' tem sido estendida de forma poderosa à América Latina", afirmou John Chipman, diretor do IISS, na apresentação de seu Relatório Estratégico anual.

O interesse vai além do gigante chinês, que com sua insaciável demanda por matérias-primas já é o principal sócio comercial de Brasil, Peru e Chile e figurou entre os cinco primeiros no caso de pelo menos outros 13 países da região no ano passado.

"A China se converteu em um ator importante, mas os países da região também estão se orientando até seus vizinhos distantes do Pacífico, como Japão, Coreia do Sul e as nações do sudeste asiático, com os quais firmaram nos últimos anos vários tratados de livre comércio, disse o relatório.

Um sinal inequívoco desta busca por diversificação foi a constituição formal em junho passado da Aliança do Pacífico, um novo bloco impulsionado por Chile, Colômbia, México e Peru, destinado a incrementar a integração econômica entre seus membros e o comércio com os mercados emergentes da região Ásia-Pacífico, atual motor da economia mundial.

As exportações dos países da Aliança do Pacífico à Ásia totalizaram 71 bilhões de dólares em 2011, após ter registrado um incremento anual médio de 13% nos cinco anos anteriores.

Este novo projeto de integração foi realizado em um contexto econômico difícil para os Estados Unidos, que continua sendo o destino de 40% das exportações latino-americanas e a origem de 40% dos investimentos estrangeiro na região.


Apesar do certo distanciamento com o vizinho do Norte, o instituto de Londres acredita que a proximidade da América Latina com a região do Pacífico oferecerá aos diferentes países novas possibilidades de se relacionar em uma posição de maior igualdade.

Um desses canais de aproximação é a Associação Transpacífica (TPP), que busca criar a maior zona de livre de comércio do mundo entre nove países dos dois lados desse oceano, inclusive Chile, Peru e Estados Unidos, aos quais se somarão México e Canadá. A China, segunda economia mundial, está ausente.

A região, no entanto, continuará tendo uma forte dependência da China, definida pela IISS como "o banqueiro latino-americano", devido aos empréstimos que concedeu à região. Estes totalizaram 75 bilhões de dólares desde 2005, segundo um recente relatório do centro de análises norte-americano Inter-American Dialogue.

"A China se converteu no emprestador de recursos de vários países latino-americanos que possuem dificuldades para ter acesso aos mercados de capitais", como Venezuela, Equador ou Argentina, recorda o relatório.

O IISS adverte, no entanto, que as novas oportunidades que se apresentam no Pacífico podem provocar em um futuro mais ou menos distante divisões na região, especialmente entre os países do Atlântico e do Pacífico.

"No curto prazo, no entanto, é pouco provável que a integração regional sofra, especialmente dado que o chamado bloco atlântico inclui exportadores de matérias-primas como Venezuela, Brasil e Argentina, que continuarão comercializando com a China, com ou sem acesso a um bloco comercial do Pacífico", concluiu.

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