Alta do dólar não compromete crescimento econômico, diz BC
O Banco Central deve continuar atuando no câmbio para prover liquidez, segundo Kanczuk. Nesta terça, vão ser ofertados 13 mil contratos de swap tradicional
Guilherme Guilherme
Publicado em 18 de fevereiro de 2020 às 11h13.
São Paulo - A escalada do dólar frente ao real não deve comprometer o crescimento econômico do Brasil. É o que afirma Fábio Kanczuk, diretor de política econômica do Banco Central, durante evento do BTG Pactual, em São Paulo (controlador de EXAME). “Tipicamente, no Brasil, o câmbio apreciado significava menos crescimento econômico. Mas a razão era outra. O credit default swap (papel que funciona como um seguro contra calote de países) subia por causa de alguma crise e isso acabava contaminando o câmbio e destruindo o crescimento”, disse.
Segundo o diretor do BC, a mais recente alta do dólar está relacionada à queda dos juros, uma vez que o novo patamar de 4,25% ao ano dificulta a prática de carry trade - operação que visa tomar dinheiro emprestado em países com taxas de juros menores e aplicar em economias que pagam um maior prêmio de risco. “O real deixou de ser moeda para especular e virou moeda de funding para especular em outras moedas. Nesse sentido, não impacta o crescimento econômico”, afirmou.
Na manhã desta terça-feira (18), o dólar registrava alta contra o real, acompanhando o movimento de valorização de moedas seguras no exterior em meio a temores sobre o impacto econômico do surto de coronavírus. Esse movimento pode mudar com a oferta do BC, nesta terça, de até 13 mil contratos de swap tradicional com vencimento em agosto, outubro e dezembro de 2020, para rolagem de contratos já existentes.
Para Kanczuk, o BC deve continuar atuando no mercado de câmbio, mas apenas para prover liquidez. “Não é uma agenda que a gente tem que alterar.” As reservas internacionais demandadas para esse tipo de operação também não preocupa o diretor do BC. “ Com redução na probabilidade de sinistros e com redução no prêmio de seguro, a gente analisa que o nível de reservas está legal”.