Alta de custos freia chance de recuperação da indústria
Forte pressão de custos neste início de ano pode adiar cenário de recuperação da indústria em 2015
Da Redação
Publicado em 17 de janeiro de 2015 às 08h14.
São Paulo - O cenário de recuperação da indústria esperado para 2015 pode ser adiado por causa da forte pressão de custos neste início de ano. Aumento do aço entre 4% e 8%, a cotação do petróleo e de derivados elevada no mercado nacional enquanto o preço da commodity despencou no exterior, reajuste esperado para a eletricidade na casa de 30%, além dos estoques industriais altos, são fatores que devem reduzir a competitividade. Pior: podem anular os efeitos positivos da desvalorização do câmbio e de um alívio no mercado de trabalho.
Até novembro, a produção industrial recuou 3,2% e a expectativa é que tenha fechado 2014 no vermelho. Para 2015, o mercado está reduzindo a projeção de crescimento a cada semana e espera agora um avanço de 1,02%, aponta o último Boletim Focus, do Banco Central.
"Ainda não revisamos, mas a nossa projeção tem viés de baixa", diz o economista da consultoria Tendências, Rafael Bacciotti, que prevê avanço de 1%. Há uma série de fatores, diz ele, que começa a pesar contra a recuperação da indústria, como a alta de custos de insumos essenciais, como aço e energia, e de prováveis desdobramentos das investigações da Lava Jato sobre os investimentos na indústria e no ritmo de atividade.
"Se antes a indústria estava ruim, com perda de competitividade, agora vai ficar pior porque os custos estão subindo no Brasil e caindo no resto do mundo", afirma o diretor do Departamento de Competitividade da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), José Ricardo Roriz Coelho.
Um exemplo do descompasso entre a indústria nacional e mundial é o caso da nafta, produto derivado do petróleo e matéria-prima básica para a produção de resinas. Coelho diz que o preço da nafta cai no mercado externo por causa do recuo do petróleo, mas no Brasil não há indicações de queda. Ele observa que o corte no preço do petróleo foi proporcionalmente muito maior do que a desvalorização do real em relação ao dólar.
No caso do aço, a correção de preço que houve no mercado interno está ligada à rentabilidade das siderúrgicas, e não a custos, segundo o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço, Carlos Loureiro. O minério de ferro, principal insumo da siderurgia, caiu quase 6% este mês, aponta a FGV.
Água
"2015 vai ser um ano complicado para a indústria em geral e para a indústria química que é transversal (que atende a vários setores)", diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria Química, Fernando Figueiredo. Além das pressões de custos na energia, ele lembra que a desvalorização do real em relação ao dólar joga contra o setor porque os preços dos insumos são dolarizados e encareceram em moeda nacional.
Figueiredo lembra que a crise de falta de água até agora não tem sido sentida pela indústria petroquímica. Mas, se houver um agravamento, isso pode reduzir a produção, o que aumenta o problema, pois as fábricas químicas têm de rodar com a capacidade mais alta possível. "Se houver aumento de imposto, a situação complica ainda mais."
Para o gerente de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, "há pressões de custos para todos os lados". No 3º trimestre de 2014, o indicador de custos industriais apurado pela CNI mostra, por exemplo, que o custo de energia subiu 15,7% ante o mesmo período de 2013, por causa do acionamento das termelétricas, quadro que deve piorar agora com o fim do subsídio ao setor. "Essa e outras pressões de custos devem mitigar a nossa competitividade", afirma Castelo Branco. Nesta semana, estudo da CNI mostra que, numa lista de 15 países, o Brasil foi o penúltimo em competitividade. (Márcia De Chiara) As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
São Paulo - O cenário de recuperação da indústria esperado para 2015 pode ser adiado por causa da forte pressão de custos neste início de ano. Aumento do aço entre 4% e 8%, a cotação do petróleo e de derivados elevada no mercado nacional enquanto o preço da commodity despencou no exterior, reajuste esperado para a eletricidade na casa de 30%, além dos estoques industriais altos, são fatores que devem reduzir a competitividade. Pior: podem anular os efeitos positivos da desvalorização do câmbio e de um alívio no mercado de trabalho.
Até novembro, a produção industrial recuou 3,2% e a expectativa é que tenha fechado 2014 no vermelho. Para 2015, o mercado está reduzindo a projeção de crescimento a cada semana e espera agora um avanço de 1,02%, aponta o último Boletim Focus, do Banco Central.
"Ainda não revisamos, mas a nossa projeção tem viés de baixa", diz o economista da consultoria Tendências, Rafael Bacciotti, que prevê avanço de 1%. Há uma série de fatores, diz ele, que começa a pesar contra a recuperação da indústria, como a alta de custos de insumos essenciais, como aço e energia, e de prováveis desdobramentos das investigações da Lava Jato sobre os investimentos na indústria e no ritmo de atividade.
"Se antes a indústria estava ruim, com perda de competitividade, agora vai ficar pior porque os custos estão subindo no Brasil e caindo no resto do mundo", afirma o diretor do Departamento de Competitividade da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), José Ricardo Roriz Coelho.
Um exemplo do descompasso entre a indústria nacional e mundial é o caso da nafta, produto derivado do petróleo e matéria-prima básica para a produção de resinas. Coelho diz que o preço da nafta cai no mercado externo por causa do recuo do petróleo, mas no Brasil não há indicações de queda. Ele observa que o corte no preço do petróleo foi proporcionalmente muito maior do que a desvalorização do real em relação ao dólar.
No caso do aço, a correção de preço que houve no mercado interno está ligada à rentabilidade das siderúrgicas, e não a custos, segundo o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço, Carlos Loureiro. O minério de ferro, principal insumo da siderurgia, caiu quase 6% este mês, aponta a FGV.
Água
"2015 vai ser um ano complicado para a indústria em geral e para a indústria química que é transversal (que atende a vários setores)", diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria Química, Fernando Figueiredo. Além das pressões de custos na energia, ele lembra que a desvalorização do real em relação ao dólar joga contra o setor porque os preços dos insumos são dolarizados e encareceram em moeda nacional.
Figueiredo lembra que a crise de falta de água até agora não tem sido sentida pela indústria petroquímica. Mas, se houver um agravamento, isso pode reduzir a produção, o que aumenta o problema, pois as fábricas químicas têm de rodar com a capacidade mais alta possível. "Se houver aumento de imposto, a situação complica ainda mais."
Para o gerente de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, "há pressões de custos para todos os lados". No 3º trimestre de 2014, o indicador de custos industriais apurado pela CNI mostra, por exemplo, que o custo de energia subiu 15,7% ante o mesmo período de 2013, por causa do acionamento das termelétricas, quadro que deve piorar agora com o fim do subsídio ao setor. "Essa e outras pressões de custos devem mitigar a nossa competitividade", afirma Castelo Branco. Nesta semana, estudo da CNI mostra que, numa lista de 15 países, o Brasil foi o penúltimo em competitividade. (Márcia De Chiara) As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.