Aldo Mendes defende independência do BC
BRASÍLIA, 24 de novembro (Reuters) - Aldo Luiz Mendes, indicado para novo diretor de Política Monetária do Banco Central, defendeu nesta terça-feira a independência da instituição e afirmou que o "valor ideal" da taxa de câmbio deve ser definida pelas forças de mercado. Já na parte inicial de sua apresentação à Comissão de Assuntos Econômicos […]
Da Redação
Publicado em 24 de novembro de 2009 às 11h55.
BRASÍLIA, 24 de novembro (Reuters) - Aldo Luiz Mendes, indicado para novo diretor de Política Monetária do Banco Central, defendeu nesta terça-feira a independência da instituição e afirmou que o "valor ideal" da taxa de câmbio deve ser definida pelas forças de mercado.
Já na parte inicial de sua apresentação à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Mendes declarou que, "para o perfeito funcionamento da política de metas de inflação, é necessário que um banco central disponha de autonomia".
"Desde meados dos anos 90, uma boa parte de bancos centrais no mundo adquiriu sua independência. Também no caso brasileiro, a experiência nos últimos anos comprova que o BC deve dispor de autonomia operacional de facto para calibrar com eficiência os instrumentos de política monetária, baseado, evidentemente, em critérios estritamente técnicos", acrescentou.
Questionado por parlamentares, Mendes reforçou essa avaliação e disse que, em termos teóricos, é favorável também à independência formal do BC.
"Parte do sucesso da política econômica hoje se dá em virtude da autonomia operacional... a autonomia de facto existe hoje. Com relação à autonomia formal, em termos conceituais, eu sou favorável; contudo, é um debate muito maior."
Segundo ele, a taxa de câmbio ideal deve ser determinada pelas forças de mercado, enquanto as atuações do BC no mercado visam manter a liquidez "dentro de patamares adequados".
No início de sua sabatina, Mendes também defendeu as metas de inflação, argumentando que esse regime age preventivamente, o câmbio flutuante e a responsabilidade fiscal.
"Quando atingido pela crise, o Brasil encontrava-se fortalecido, com reservas internacionais altas... e sistema bancário mais exigente que de outros países", acrescentou Mendes.
"Estabilidade monetária, previsibilidade, grau de investimento, crescimento econômico forte e perspectivas positivas para o Brasil o tornaram um dos países mais atrativos."
Ele foi indicado na semana passada para substituir o diretor Mario Torós. Depois da sabatina na CAE, o nome precisa ser aprovado pelo plenário do Senado.
Mendes, de 51 anos, tem como função mais recente a presidência da Companhia de Seguros Aliança do Brasil. Entre 2001 e 2009, esteve no Banco do Brasil, onde ocupou a diretoria de Finanças, depois foi diretor de mercado de capitais e vice-presidente de Finanças, Mercado de Capitais e Relações com Investidores.
CONVITE A TORÓS
O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) chegou a pedir vistas durante a sessão da CAE, o que poderia interromper a sabatina. Depois de algum debate, o pedido foi retirado, mas a CAE formalizou um convite para ouvir Mario Torós.
Especulações de que Torós teria manifestado interesse em deixar o BC circulavam entre investidores há algum tempo, mas o processo de sua saída foi acelerado depois de uma entrevista dele ao jornal Valor Econômico em que detalhou os bastidores da crise global no Brasil.
(Reportagem de Isabel Versiani; Texto de Daniela Machado; Edição de Vanessa Stelzer)