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Ajuste da dívida externa deve apreciar ainda mais o real

Redução da dívida externa das empresas e bom desempenho das transações correntes e dos investimentos estrangeiros pressionarão o dólar

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h06.

Motivo de preocupação para os exportadores, por desencadear a perda de competitividade nos mercados mundiais, o fortalecimento do real frente ao dólar contará com novos estímulos neste ano. A redução do endividamento externo das empresas e o saldo positivo das transações correntes deverão resultar na injeção de dólares no mercado brasileiro, capaz de reduzir ainda mais a cotação da moeda americana.

Entre dezembro de 1998 e o final de 2004, a dívida privada externa caiu 35,6%, de 105,5 bilhões de dólares para 68 bilhões. De acordo com a Tendências Consultoria, o regime de câmbio flutuante foi o principal incentivo das companhias para enxugar suas dívidas em dólar. Ao contrário do regime de câmbio fixo, em que o governo promove pequenas desvalorizações, o câmbio flutuante embute um risco maior de flutuações no curto prazo, o que pode prejudicar os passivos em moeda estrangeira das empresas. Por isso, as corporações têm preferido captar recursos no mercado doméstico, seja por meio do mercado de capitais, seja no sistema bancário.

Para a Tendências, a taxa de rolagem da dívida externa privada deve ficar em 60% neste ano. O restante seria amortizado, o que derrubaria o endividamento em 10 bilhões de dólares, para um total de 58 bilhões. Neste cálculo, está embutida a expectativa de que o setor privado capte 14 bilhões de dólares em recursos no exterior, contra pagamentos de 24 bilhões.

Outro fator que deverá reduzir a demanda do mercado por moeda estrangeira, permitindo uma maior valorização do real, é a entrada de investimentos estrangeiros diretos. Em conjunto com o saldo das transações correntes (estimado pela Tendências em 8,3 bilhões de dólares neste ano), esses recursos poderão alcançar 20 bilhões de dólares dos quais, 10 bilhões irão reforçar as reservas internacionais do Banco Central.

"A sobra de recursos proveniente dos saldos em transações correntes acarretada pelos saldos comerciais expressivos deverá acentuar a pressão sobre a taxa real de câmbio brasileira, no sentido da sua apreciação", afirma relatório da consultoria, divulgado nesta sexta-feira (1º/4).

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