O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual nesta quarta-feira (6/6). Com isso, a taxa que vigorará pelo menos até a próxima reunião será de 12% ao ano. A novidade não foi o resultado do encontro, já que essa redução era amplamente esperada pelo mercado, mas sim a divisão do colegiado do BC. Enquanto os analistas esperavam que a decisão fosse unânime, depois que os diretores considerados "conservadores" deixaram a instituição, a votação dividiu o BC: cinco diretores defenderam o corte de 0,5 ponto, mas dois optaram por uma queda menor, de 0,25 ponto.

Em um comunicado curtíssimo, o BC limitou-se a informar que "avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, neste momento, reduzir a taxa Selic para 12% ao ano, sem viés, por cinco votos a favor e dois votos pela redução da taxa Selic em 0,25 p.p."

Com o corte de hoje, as projeções indicam que, depois de muito tempo, a taxa real de juros do Brasil pode ter chegado à casa de um dígito. De acordo com a consultoria econômica Up Trend, quando se desconta a inflação acumulado nos últimos 12 meses, os juros reais do Brasil ficam em 10,2%. Mas, quando se considera a inflação projetada para os próximos 12 meses, a taxa real fica em 8,3%. O Brasil ainda lidera o ranking dos países com maior juro real, mas a distância para a Turquia, segunda colocada, encurtou. O país apresenta taxa real de 7,6% nos dois casos (inflação passada e inflação projetada).