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Agricultores defendem postura mais agressiva do Brasil na Alca

Os empresários do setor agrícola estão preocupados com o rumo das negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). O setor defende uma ação mais efetiva do Brasil na defesa do setor, principalmente porque questionam, de um lado, a resistência dos Estados Unidos em negociar subsídios aos seus agricultores, e do outro, a posição […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h41.

Os empresários do setor agrícola estão preocupados com o rumo das negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). O setor defende uma ação mais efetiva do Brasil na defesa do setor, principalmente porque questionam, de um lado, a resistência dos Estados Unidos em negociar subsídios aos seus agricultores, e do outro, a posição do governo brasileiro nas discussões sobre a formação da Alca em bloco, junto com outros países do Mercosul - o que prejudicaria vários segmentos da agricultura nacional.

Dois eventos nesta segunda-feira deram o tom do descontentamento do setor. O Fórum Nacional Permanente das Negociações Agrícolas Internacionais defendeu que o setor privado precisa ter maior participação nas negociações comerciais agrícolas internacionais. Segundo Gilman Viana Rodrigues, coordenador do Fórum e vice-presidente para Assuntos Internacionais da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o setor quer novas oportunidades de exportações para os produtores nacionais. Não há comércio externo de uma mão só , disse. Entre os participantes do Fórum estava o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues. O Fórum Permanente de Negociações Agrícolas Internacionais é composto pela CNA, Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), pela Associação Brasileira de Agribusiness (Abag) e conta com a participação de diversas entidades que representam o agronegócio brasileiro.

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A Sociedade Rural Brasileira (SRB) também está preocupada com os rumos da Alca. A entidade defendeu uma posição mais agressiva do Brasil nas negociações agrícolas durante debate promovido em São Paulo entre representantes do governo dos Estados Unidos, produtores rurais e industriais brasileiros. Para os representantes da entidade, o encontrou serviu para mostrar que os Estados Unidos têm pouca disposição de oferecer bons acordos aos agricultores brasileiros. "Sem uma completa negociação agrícola, nem se discute a Alca , disse João da Almeida Sampaio Filho, presidente da SRB. Não dá para negociar as barreiras comerciais deixando a questão dos subsídios para o debate na Organização Mundial do Comércio, como pretendem os Estados Unidos."

A delegação dos EUA, chefiada por Bill Westman, conselheiro para Assuntos de Agricultura da Embaixada dos EUA em Brasília, frisou que a pauta de negociações está aberta. Mas que qualquer tipo de debate relacionado à agricultura tem de ser discutido no âmbito da OMC. "E isso inclui os subsídios", disse Westman. A apresentação dos americanos contou ainda com a participação de Gary Groves, conselheiro para Assuntos de Agricultura da Embaixada dos EUA em Ottawa (Canadá); Bruce Zanin, diretor no México do Escritório de Promoção de Produtos Agroindustriais dos EUA; e Kevin Armstrong, diretor adjunto no Brasil da Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID).

Os representantes do governo americano estimaram um crescimento econômico anual de 1,5% para a América Latina com a criação da Alca e apresentaram indicadores econômicos positivos conquistados por Canadá e México após formarem, junto com os EUA, uma área de livre comércio, o Nafta. "Mas o México não negociou subsídios e nós não vamos fazer a mesma coisa", disse Pedro de Camargo Neto, integrante do conselho SBR e ex-secretário de produção e comercialização do ministério da Agricultura no governo de Fernando Henrique Cardoso.

Pelas estimativas das CNA, a Alca pode gerar um incremento anual de 8 bilhões de dólares nas exportações do setor agropecuário brasileiro. Mas essa ampliação de vendas somente seria possível com efetivo fim das barreiras comerciais em todos os países envolvidos. Na avaliação da entidade, os debates do Mercosul com os EUA para a implantação da Alca já indicam prejuízo para os produtores rurais brasileiros, em especial nas áreas de açúcar e carne suína.

Em ambos os segmentos foram adotados a argumentação da Argentina, que trata o produto como sensível . Ao apoiar a posição Argentina, o Brasil fica prejudicado nas negociações com a Alca, por ser importante produtor de açúcar e de carne suína , diz Viana.

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