Economia

Agenda econômica é a última esperança de Lula

Votar temas importantes para a economia é a única saída para preservar o resto de credibilidade do governo, dizem analistas políticos, mas a tarefa é bem difícil

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h25.

Acuado no campo político por uma enxurrada de denúncias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá de se agarrar à agenda econômica, se quiser terminar seu mandato com um mínimo de tranqüilidade e tentar se reeleger. De acordo com analistas políticos, Lula depende, cada vez mais, da ortodoxia econômica do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e de um gesto de boa vontade da oposição, representada pelo PSDB e pelo PFL, para a aprovação de temas econômicos relevantes no Congresso.

"A única bóia de salvação de Lula, neste momento, é o Palocci", afirma Rogério Schmitt, analista político da consultoria Tendências. Nos últimos dias, o ministro tem procurado construir uma ponte com a oposição, a fim de estabelecer uma agenda econômica positiva para o resto do mandato de Lula. O ministro busca apoio de tucanos e pefelistas para aprovar medidas bem vistas pelos agentes econômicos, como reforma tributária e o déficit nominal zero. A tarefa, contudo, é bastante difícil.

"A aprovação dessas propostas não é simples, e não se sabe até que ponto a oposição vai ajudar", diz Ricardo Ribeiro, analista político da MCM Consultores. Embora sejam positivas para o país, as propostas embutem medidas duras. No caso do déficit zero, por exemplo, seria preciso aumentar a parcela de recursos desvinculados no Orçamento Geral da União, hoje em 20%. Politicamente, isso pode ser interpretado pela população como uma tentativa de retirar recursos da saúde e da educação, por exemplo rubricas com dotação orçamentária fixa.

Avalista

Enquanto a cúpula do PT tenta explicar porque o publicitário Marcos Valério avalizou e pagou parte de um empréstimo de 2,4 milhões de reais do banco BMG ao partido, segundo revelou a revista Veja desta semana (clique aqui e leia a reportagem completa de Veja), Palocci está se tornando a principal garantia, para o mercado, de que Lula não sucumbirá a uma tentação populista para salvar sua imagem.

Para os analistas, uma guinada populista de Lula é improvável. O mais previsível, por ora, é que a área econômica aumente a dose de ortodoxia de sua política, a fim de manter os mercados calmos. "O populismo acabaria com a credibilidade do governo junto aos investidores e isso seria mortal", diz Ribeiro, da MCM.

Arena política

Já no campo político, não resta muita coisa a ser feita, segundo os analistas. Mesmo a reforma ministerial que abrirá mais espaço para o PMDB, neste momento, parece ter pouco efeito prático. Para os especialistas, isso apenas servirá para manter a parcela do partido que já apoiava o governo.

"Quanto ao PT, pode-se dizer que o partido, como o conhecemos, acabou", diz Schmitt, da Tendências. A legenda, que cresceu com base no discurso da ética e da moralidade na política, não resistirá às denúncias. Somente uma renovação de seus dirigentes poderá recuperar parte do estrago. "A capacidade do governo para reverter a crise é muito limitada. O cenário mais provável é de uma agonia lenta até o fim do mandato", afirma Schmitt.

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