Ação do BNDES em projetos inibe mercado, diz Odebrecht
O CEO da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, admitiu, contudo, que sem a instituição as tarifas nas concessões serão mais caras
Da Redação
Publicado em 8 de abril de 2014 às 15h48.
São Paulo - A participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social ( BNDES ) no financiamento dos projetos de infraestrutura inibe o mercado de capitais brasileiro, segundo Marcelo Odebrecht , CEO da Odebrecht.
Ele admitiu, contudo, que sem a instituição as tarifas nas concessões serão mais caras.
"Precisamos buscar uma equação na atuação do BNDES que passa pela questão das tarifas. O banco cumpre seu papel que é importante, mas sua atuação em excesso inibe o mercado de capitais. Isso tem de mudar de forma gradativa", avaliou nesta terça-feira, 08, Odebrecht, em evento do Bradesco BBI para emissores e investidores.
Durante palestra no fórum, o executivo criticou o processo de licença ambiental no Brasil. O fato de os avaliadores das licenças terem de colocar a sua pessoa física no risco é um erro muito grande e tem de mudar, segundo ele. Odebrecht afirmou ainda que algumas empresas se aproveitam da questão da licença ambiental para postergarem seus investimentos, com exceção das hidrelétricas.
"Existe muito problema ambiental por conta de má fé ou incompetência das empresas. Não é certo culpar só os órgãos ambientais", disse o executivo.
Odebrecht elogiou o México e disse que nos próximos três ou quatro anos o mercado será o segundo maior para a companhia, ficando atrás apenas do Brasil.
Ele comentou ainda sobre as obras da Copa no País. Segundo ele, a parte da Odebrecht no estádio Itaquera, em São Paulo, será entregue no dia 15 de abril conforme programado.
Copa do Mundo
"O maior legado da Copa no Brasil são os estádios, mas o país tinha de ter oito sedes. Das 12, quatro não fazem nenhum sentido", disse Odebrecht.
Na opinião do executivo, os investimentos feitos no Brasil por conta da realização da Copa poderiam ter sido muito bem aproveitados. A culpa, conforme ele, é diluída entre os 12 governos de estados, prefeituras, Fifa e outros.
"Terra que tem muito dono não tem dono", avaliou o executivo.
Apesar disso, ele afirmou que o legado a ser deixado pela Copa não foi perdido do ponto de vista de infraestrutura, embora tenha sido muito abaixo por conta do planejamento. "Ainda acho que Copa valeu a pena", concluiu ele.