Ação climática pode gerar US$ 26 tri até 2030 (mas tempo está acabando)
Em 2017, as perdas econômicas associadas a eventos climáticos extremos somaram US$ 320 bilhões
Vanessa Barbosa
Publicado em 8 de setembro de 2018 às 07h45.
Última atualização em 8 de setembro de 2018 às 07h45.
São Paulo - Uma ação mais ambiciosa de combate às mudanças climáticas e seus efeitos deletérios não apenas é fundamental para a permanência da vida na Terra como a conhecemos, mas também pode gerar ganhos colossais para a economia. E não se trata de recursos de perdas evitadas, mas de ganhos extras.
Os benefícios econômicos associados à transição para uma economia de baixo carbono podem chegar a US$ 26 trilhões até 2030, em comparaçãocom a economia atual (ou o business as usual ), conclui um relatório divulgado pela Comissão Global sobre Economia e Clima.
Segundo o estudo de 200 páginas, ao longo da última década, o mundo viveu progressos tecnológicos e de mercado que nos colocaram nos trilhos para uma nova economia.
"Há benefícios reais a serem vistos em termos de novos empregos, redução de gastos, competitividade e oportunidades de mercado, além de melhorar o bem-estar das pessoas em todo o mundo. O momentum está sendo construído por trás dessa mudança por uma ampla gama de cidades, governos, empresas, investidores e outros ao redor do mundo, mas ainda não é rápido o suficiente", diz o estudo.
O Relatório de Economia do Clima de 2018, publicado na quarta-feira, traz um balanço de pesquisas de riscos e oportunidades para os seres humanos e a economia diante das mudanças climáticas.
O resultado é que a transição para uma economia mais alinhada aos desafios de combater as mudanças climáticas gera crescimento e prosperidade. Umaação ambiciosa nos cinco sistemas econômicos principais - energia, cidades, alimentos e uso da terra, água e indústria - poderia gerar ganhos econômicos líquidos em comparação com os negócios habituais.
Além dosUS$ 26 trilhões extras, a transição para um mundo mais sustentável pode gerar mais de 65 milhões de novos empregos de baixa emissão de carbono até 2030, o equivalente a todas as forças de trabalho atuais do Reino Unido e do Egito combinadas. Também pode evitar mais de de 700 mil mortes prematuras por poluição do ar e gerar US$ 2,8 trilhões em receitas para os governos por ano apenas com a reforma dos subsídios aos combustíveis fósseis e aumento do preço do carbono, equivalente ao PIB total da Índia hoje.
O relatório mostra ainda que não aumentar a ação climática pode gerar perdas econômicas anuais bem acima dos US$ 320 bilhões já registrados em 2017 e também levará a mais de 140 milhões de migrantes climáticos até 2050, mais que o dobro do número total de refugiados hoje.
A Comissão Global de Economia e Clima foi criada em 2013 para examinar como a comunidade internacional poderia alcançar seus objetivos de desenvolvimento dentro das restrições impostas pelas mudanças climáticas. Por trás da pesquisa, há um grupo de especialistas e estudiosos de renome.
Integram a comissão ex-chefes de Estado, como o mexicano Felipe Calderón (agraciado com o prêmio Estadista Global por sua participação no Fórum Econômico de Davos), juntamente com especialistas em negócios e economia (como o famoso economista Nicholas Stern). O principal projeto do grupo, a Nova Economia Climática, é um esforço colaborativo e independente que envolve uma equipe central e vários institutos de pesquisa.