Economia

49% dos dissídios subiram menos que inflação no 1º trimestre

Quase metade das negociações salariais fechadas no primeiro trimestre do ano tiveram reajuste menor que a inflação, segundo o Dieese


	Salário: queda real nos reajustes está relacionada ao aumento da inflação no período, segundo técnico do Dieese.
 (AndreyPopov/Thinkstock)

Salário: queda real nos reajustes está relacionada ao aumento da inflação no período, segundo técnico do Dieese. (AndreyPopov/Thinkstock)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de maio de 2016 às 13h50.

São Paulo - Quase a metade das negociações salariais fechadas em todo o País no primeiro trimestre deste ano nos setores de indústria, comércio e serviços teve reajuste abaixo da inflação.

Essa piora foi detectada por um levantamento preliminar feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Das 102 negociações fechadas entre janeiro e março, 49% obtiveram reajustes abaixo da inflação apurada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e a maioria registrou queda real de até 1% nos salários negociados em acordos coletivos.

Em janeiro do ano passado, observa o técnico do Dieese, Luis Ribeiro, a fatia de categorias com reajustes abaixo da inflação estava em 42%, subiu para 47,7% em janeiro deste ano, recuo para 30,8% em fevereiro e atingiu 62,5% em março.

No primeiro trimestre de 2015, a fatia de dissídios que ficou abaixo da inflação era bem menor em relação a este ano: em janeiro estava em 1,1%; fevereiro, 9,1% e março 10%.

O técnico pondera que os dados deste ano são ainda preliminares e podem mudar, pois muitas categorias não fecharam acordos. De toda forma, a piora é nítida.

Inflação

"Esse avanço do número de negociações com queda real nos reajustes está relacionado como aumento da inflação", explica Ribeiro.

O INPC acumulado em 12 meses até janeiro foi de 11,28%, em fevereiro atingiu 11,31% e em março desacelerou para 11,08%. Já em abril houve um nova desaceleração do INPC, que acumulou alta de 9,91% em 12 meses.

Os 51% restantes das negociações concluídas no primeiro trimestre, 27,5% tiveram aumentos iguais à inflação e 23,5% reajustes acima da inflação, aponta o levantamento do Dieese.

Apesar do aumento do desemprego, o técnico acredita que nos próximos meses as negociações salariais serão mais favoráveis aos trabalhadores por causa da perda de fôlego da inflação.

Segundo Ribeiro, a desaceleração da inflação conta mais do que o desemprego elevado na hora de negociar. E a tendência é que essa fatia de dissídios com reajustes abaixo da inflação diminua nos próximos meses, mesmo com a economia andando em marcha lenta.

Acompanhe tudo sobre:DieeseEstatísticasIndicadores econômicosInflaçãoINPCSalários

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor