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2015 será de desafios para governo, diz professor da USP

Antonio Lanzana falou da necessidade de corrigir preços defasados e de mudanças na política fiscal

Bandeira do Brasil: Lanzana ressaltou que o Brasil corre o risco de perder o grau de investimento (Elza Fiúza/ABr)
DR

Da Redação

Publicado em 8 de dezembro de 2014 às 12h44.

São Paulo - A nova equipe econômica do governo federal é competente, mas terá muitos desafios no curto prazo, segundo o economista e professor da Universidade de São Paulo Antonio Lanzana.

Durante evento do Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (Simefre), Lanzana falou da necessidade de corrigir preços defasados, o que afetará a inflação, e de mudanças na política fiscal para recuperar credibilidade.

"Será preciso reduzir o déficit, senão seremos rebaixados internacionalmente, além de liberar a taxa de câmbio e restaurar confiança dos empresários", afirmou, ressaltando que os ajustes precisam ser graduais.

"O governo determinou metas bastante factíveis", avaliou, referindo-se à meta de superávit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 e de mais de 2% em 2016 e 2017.

Ele frisou, porém, que o governo deve evitar medidas que dependam de aprovação do Congresso Nacional. "O clima não está muito propício", disse.

Lanzana ressaltou que o Brasil corre o risco de perder o grau de investimento e lembrou que, se isso ocorrer, diversos fundos de investimento internacionais vão abandonar o País.

Ele afirmou, porém, que as agências de classificação de risco não devem tomar decisões sobre o Brasil antes de avaliar a atuação da nova equipe econômica, após ser questionado por empresários preocupados com a possibilidade de um rebaixamento da nota de crédito brasileira.

Segundo ele, para 2015 a tendência é de alta do dólar e dos juros e o ano será de transição. "Corrigir terá seus custos. É um sacrifício para reconstruir a economia", apontou.

O economista prevê crescimento de 0,5% do PIB no próximo ano e uma inflação parecida com a de hoje. Lanzana ressaltou ainda que a aceleração dos investimentos em infraestrutura será o foco da retomada de crescimento do País nos próximos anos.

Infraestrutura

Para Lanzana, existe um cenário de incerteza sobre o avanço da infraestrutura no Brasil com as empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, diante de empresários que se mostraram preocupados com o futuro das concessões e principais obras do Brasil em meio à operação que prendeu executivos das maiores empreiteiras brasileiras.

"Não sei se haverá condições de as empreiteiras envolvidas no Lava Jato captarem recursos", disse o professor da USP, apontando também problemas na confiabilidade para que o governo federal faça novas concorrências.

"O que tem de incerteza nesse cenário é como fazer avançar a infraestrutura com essas empresas. Se elas não conseguem captar e não têm credibilidade suficiente para captar, aí as empresas de fora terão que entrar, não haverá outro jeito", avaliou.

Segundo o economista, a grande chance de um crescimento maior do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro nos próximos anos é a infraestrutura, mas o processo pode demorar. "Acho que, no curto prazo, isso vai travar", disse.

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São Paulo - A nova equipe econômica do governo federal é competente, mas terá muitos desafios no curto prazo, segundo o economista e professor da Universidade de São Paulo Antonio Lanzana.

Durante evento do Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (Simefre), Lanzana falou da necessidade de corrigir preços defasados, o que afetará a inflação, e de mudanças na política fiscal para recuperar credibilidade.

"Será preciso reduzir o déficit, senão seremos rebaixados internacionalmente, além de liberar a taxa de câmbio e restaurar confiança dos empresários", afirmou, ressaltando que os ajustes precisam ser graduais.

"O governo determinou metas bastante factíveis", avaliou, referindo-se à meta de superávit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 e de mais de 2% em 2016 e 2017.

Ele frisou, porém, que o governo deve evitar medidas que dependam de aprovação do Congresso Nacional. "O clima não está muito propício", disse.

Lanzana ressaltou que o Brasil corre o risco de perder o grau de investimento e lembrou que, se isso ocorrer, diversos fundos de investimento internacionais vão abandonar o País.

Ele afirmou, porém, que as agências de classificação de risco não devem tomar decisões sobre o Brasil antes de avaliar a atuação da nova equipe econômica, após ser questionado por empresários preocupados com a possibilidade de um rebaixamento da nota de crédito brasileira.

Segundo ele, para 2015 a tendência é de alta do dólar e dos juros e o ano será de transição. "Corrigir terá seus custos. É um sacrifício para reconstruir a economia", apontou.

O economista prevê crescimento de 0,5% do PIB no próximo ano e uma inflação parecida com a de hoje. Lanzana ressaltou ainda que a aceleração dos investimentos em infraestrutura será o foco da retomada de crescimento do País nos próximos anos.

Infraestrutura

Para Lanzana, existe um cenário de incerteza sobre o avanço da infraestrutura no Brasil com as empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, diante de empresários que se mostraram preocupados com o futuro das concessões e principais obras do Brasil em meio à operação que prendeu executivos das maiores empreiteiras brasileiras.

"Não sei se haverá condições de as empreiteiras envolvidas no Lava Jato captarem recursos", disse o professor da USP, apontando também problemas na confiabilidade para que o governo federal faça novas concorrências.

"O que tem de incerteza nesse cenário é como fazer avançar a infraestrutura com essas empresas. Se elas não conseguem captar e não têm credibilidade suficiente para captar, aí as empresas de fora terão que entrar, não haverá outro jeito", avaliou.

Segundo o economista, a grande chance de um crescimento maior do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro nos próximos anos é a infraestrutura, mas o processo pode demorar. "Acho que, no curto prazo, isso vai travar", disse.

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