13º do Bolsa Família (e tributação de fundos) volta à pauta no Congresso
Relatório controverso de Randolfe Rodrigues para MP enviada pelo governo propõe cobrir expansão do benefício com novo imposto
Da Redação
Publicado em 18 de fevereiro de 2020 às 06h43.
Última atualização em 18 de fevereiro de 2020 às 16h06.
Enquanto a reforma tributária não chega, uma proposta de tributação de fundos estará nos debates do Congresso nesta semana. Inicialmente marcada papa terça-feira (18), a sessão foi adiada pela quinta vezem meio à discordâncias sobre mudanças feitas no textoe está marcada agora para quarta-feira (19), às 14h30.
A tributação é uma das pautas levantadas pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) para arcar com pagamentos do 13º salário do Bolsa Família, instituído no ano passado pelo governo de Jair Bolsonaro na Medida Provisória 898.
Rodrigues é o relator da MP em comissão mista que analisa a proposta. Foram vários os adiamentos (e polêmicas) por causa da falta de quórum e resistências diante de mudanças feitas pelo relator. Rodrigues propõe que o benefício extra no final do ano se torne permanente e seja estendido para o Benefício de Prestação Continuada (BPC), valor de um salário mínimo pago a idosos de baixa renda e portadores de deficiência.
Já a ideia original do senador para o tema, que era cobrir o custo da medida tributando lucros e dividendos pagos por empresas a acionistas, foi abandonada. Ainda assim, ele acatou uma proposta do deputado Marcelo Ramos (PL-AM) para recolher a cada seis meses uma alíquota de 15% em impostos sobre aplicações em fundos de investimentos fechados, o que hoje só ocorre na hora do saque.
A estimativa é de arrecadação de 10 bilhões de reais por ano, o que segundo Randolfe seria mais do que suficiente para custear o décimo terceiro do Bolsa Família (2,58 bilhões de reais) e estender o benefício para o BPC (4,8 bilhões de reais).
Na sessão da semana passada, uma das críticas foram que dar um 13° no BPC o aproxima demais da aposentadoria e assim desestimula o pagamento do INSS. Outra crítica foi que a tributação de fundos incidiria sobre recursos aplicados antes da regra mudar, o que poderia gerar questionamentos judiciais.
O debate ocorre em um momento de represamento de pedidos do Bolsa Família pelo governo federal e aumento da fila por acesso ao programa, destacado em reportagem recente da revista britânica The Economist. Em meio à discussão sobre mudanças e novas benesses, o que funcionava piorou e saíram perdendo as famílias mais pobres do país.