10 motivos para a euforia com o Brasil, segundo o Citi
O mercado está reagindo à possibilidade de troca de governo e de reformas tocadas por Temer; Citi acredita que "rali do impeachment" deve continuar
João Pedro Caleiro
Publicado em 4 de maio de 2016 às 16h11.
São Paulo - Com a consolidação do impeachment da presidente Dilma Rousseff como cenário-base, os investidores tem demonstrado euforia com o Brasil.
A dúvida é se a mudança política já está precificada ou se Bolsa e dólar ainda tem espaço para se movimentar, questão que divide analistas de mercado.
Em um relatório enviado para investidores neste domingo, o Citi lista 10 razões para acreditar que o chamado "rali do impeachment" ainda vai longe.
Veja quais são elas:
1. "A chance de que a mudança de governo emperre está se aproximando de zero"
Logo depois da votação na Câmara, a posição do Senado ainda era incerta, mas isso mudou. Hoje é difícil encontrar, entre defensores e detratores, quem aposte na permanência de Dilma.
O voto do relatório no Senado deve ocorrer na próxima quarta ou quinta-feira. Confirmada o "Sim", a presidente já é afastada por até 180 dias e Temer assume, gerando um fato político difícil de reverter.
2. Até a equipe de Dilma já está se preparando para sair
O governo está anunciando medidas, como o reajuste do Bolsa Família e da tabela do Imposto de Renda, que agradam ao PT, aumentam gastos e teriam custo político caso revertidas por Temer.
Além disso, fala-se na criação de um "bunker da resistência" onde os assessores próximos da presidente se reuniriam durante o afastamento.
3. O vice-presidente Michel Temer se comprometeu a não se candidatar a presidente em 2018
Com isso, partidos preocupados com a próxima eleição presidencial ganham flexibilidade para apoiar Temer sem atrapalhar suas próprias ambições eleitorais.
O Citi fala que o novo governo se gaba de uma possível base de apoio de 78% da Câmara, mas este número pode estar superestimado. Mansueto Almeida, especialista em contas públicas, explica em entrevista para EXAME.com:
"É equivocado isso de que Temer teria a base dos 367 deputados que votaram pelo impeachment. Nesse sistema que eles estão acobertados, eu acredito que não haja consenso algum."
4. O PSDB fará parte do novo governo
Nesta terça-feira, o PSDB divulgou as propostas que considera fundamentais para apoiar um eventual governo Temer. Entre elas estão o combate à corrupção, reforma política e simplificação do sistema tributário.
A adesão "aumenta a chance de que o partido dará liderança para passar logo reformas econômicas difíceis ao invés de esperar para ver o quão impopulares elas são", diz o Citi.
5. Henrique Meirelles já está praticamente confirmado no Ministério da Fazenda
Ex-presidente do Banco Central durante toda a era Lula, Meirelles está se encontrando regularmente com Temer, que já admitiu sua preferência por ele.
O Citi diz que Meirelles traz "uma combinação incomum: habilidades do setor privado de negócios global, experiência de políticas financeiras, apoio dos mercados, jogo de cintura político, contatos e experiência legislativa e executiva".
6. "Reformas estruturais antes consideradas tabus políticos estão sendo sondadas como as primeiras iniciativas esperadas do novo governo"
Estabelecimento de idade mínima para aposentadoria, abertura comercial e fim das vinculações no Orçamento.
Estas devem ser algumas das prioridades do novo governo caso ele siga as diretrizes da "Ponte Para o Futuro", divulgada pelo PMDB em outubro do ano passado.
7. "A privatização da infraestrutura está emergindo como um potencial vetor de crescimento"
"O Estado deve transferir para o setor privado tudo o que for possível em matéria de infraestrutura", diz o documento "A Travessia Social", da Fundação Ulysses Guimarães, do PMDB.
O plano de Temer é criar um novo conselho para coordenar concessões, privatizações e parcerias público-privadas sob liderança de Wellington Moreira Franco, ex-ministro da Aviação Civil e de Assuntos Estratégicos no governo Dilma.
8. Os preços de commodities estão subindo
A queda generalizada dos preços das commodities diante da fraqueza da demanda chinesa foi um dos fatores que derrubaram o crescimento do Brasil e de outros países da América Latina, mas há sinais positivos neste campo.
O índice de commodities da Bloomberg subiu 8,5% em abril, maior alta mensal desde dezembro de 2010. O retorno do índice da S&P foi ainda maior: 10,1%.
9. As taxas de juros de longo prazo domésticas caíram 420 pontos-base nos últimos 3 meses
E as projeções de inflação também vem caindo para os próximos 2 anos, de acordo com as estimativas de mercado captadas pelo último Boletim Focus, o que abre espaço para uma maior queda dos juros.
10. A balança de pagamentos continua melhorando
O lado bom de ter dólar mais alto é que o ajuste das contas externas fica mais rápido. Os brasileiros gastam menos no exterior, as importações caem e as exportações são estimuladas.
O Citi espera um superávit de balança comercial de US$ 54 bilhões este ano. No acumulado de janeiro a abril, já são US$ 13 bilhões - um recorde para o período.
São Paulo - Com a consolidação do impeachment da presidente Dilma Rousseff como cenário-base, os investidores tem demonstrado euforia com o Brasil.
A dúvida é se a mudança política já está precificada ou se Bolsa e dólar ainda tem espaço para se movimentar, questão que divide analistas de mercado.
Em um relatório enviado para investidores neste domingo, o Citi lista 10 razões para acreditar que o chamado "rali do impeachment" ainda vai longe.
Veja quais são elas:
1. "A chance de que a mudança de governo emperre está se aproximando de zero"
Logo depois da votação na Câmara, a posição do Senado ainda era incerta, mas isso mudou. Hoje é difícil encontrar, entre defensores e detratores, quem aposte na permanência de Dilma.
O voto do relatório no Senado deve ocorrer na próxima quarta ou quinta-feira. Confirmada o "Sim", a presidente já é afastada por até 180 dias e Temer assume, gerando um fato político difícil de reverter.
2. Até a equipe de Dilma já está se preparando para sair
O governo está anunciando medidas, como o reajuste do Bolsa Família e da tabela do Imposto de Renda, que agradam ao PT, aumentam gastos e teriam custo político caso revertidas por Temer.
Além disso, fala-se na criação de um "bunker da resistência" onde os assessores próximos da presidente se reuniriam durante o afastamento.
3. O vice-presidente Michel Temer se comprometeu a não se candidatar a presidente em 2018
Com isso, partidos preocupados com a próxima eleição presidencial ganham flexibilidade para apoiar Temer sem atrapalhar suas próprias ambições eleitorais.
O Citi fala que o novo governo se gaba de uma possível base de apoio de 78% da Câmara, mas este número pode estar superestimado. Mansueto Almeida, especialista em contas públicas, explica em entrevista para EXAME.com:
"É equivocado isso de que Temer teria a base dos 367 deputados que votaram pelo impeachment. Nesse sistema que eles estão acobertados, eu acredito que não haja consenso algum."
4. O PSDB fará parte do novo governo
Nesta terça-feira, o PSDB divulgou as propostas que considera fundamentais para apoiar um eventual governo Temer. Entre elas estão o combate à corrupção, reforma política e simplificação do sistema tributário.
A adesão "aumenta a chance de que o partido dará liderança para passar logo reformas econômicas difíceis ao invés de esperar para ver o quão impopulares elas são", diz o Citi.
5. Henrique Meirelles já está praticamente confirmado no Ministério da Fazenda
Ex-presidente do Banco Central durante toda a era Lula, Meirelles está se encontrando regularmente com Temer, que já admitiu sua preferência por ele.
O Citi diz que Meirelles traz "uma combinação incomum: habilidades do setor privado de negócios global, experiência de políticas financeiras, apoio dos mercados, jogo de cintura político, contatos e experiência legislativa e executiva".
6. "Reformas estruturais antes consideradas tabus políticos estão sendo sondadas como as primeiras iniciativas esperadas do novo governo"
Estabelecimento de idade mínima para aposentadoria, abertura comercial e fim das vinculações no Orçamento.
Estas devem ser algumas das prioridades do novo governo caso ele siga as diretrizes da "Ponte Para o Futuro", divulgada pelo PMDB em outubro do ano passado.
7. "A privatização da infraestrutura está emergindo como um potencial vetor de crescimento"
"O Estado deve transferir para o setor privado tudo o que for possível em matéria de infraestrutura", diz o documento "A Travessia Social", da Fundação Ulysses Guimarães, do PMDB.
O plano de Temer é criar um novo conselho para coordenar concessões, privatizações e parcerias público-privadas sob liderança de Wellington Moreira Franco, ex-ministro da Aviação Civil e de Assuntos Estratégicos no governo Dilma.
8. Os preços de commodities estão subindo
A queda generalizada dos preços das commodities diante da fraqueza da demanda chinesa foi um dos fatores que derrubaram o crescimento do Brasil e de outros países da América Latina, mas há sinais positivos neste campo.
O índice de commodities da Bloomberg subiu 8,5% em abril, maior alta mensal desde dezembro de 2010. O retorno do índice da S&P foi ainda maior: 10,1%.
9. As taxas de juros de longo prazo domésticas caíram 420 pontos-base nos últimos 3 meses
E as projeções de inflação também vem caindo para os próximos 2 anos, de acordo com as estimativas de mercado captadas pelo último Boletim Focus, o que abre espaço para uma maior queda dos juros.
10. A balança de pagamentos continua melhorando
O lado bom de ter dólar mais alto é que o ajuste das contas externas fica mais rápido. Os brasileiros gastam menos no exterior, as importações caem e as exportações são estimuladas.
O Citi espera um superávit de balança comercial de US$ 54 bilhões este ano. No acumulado de janeiro a abril, já são US$ 13 bilhões - um recorde para o período.