'Serenidade' depende de blindagem de Palocci, diz <I>Economist</I>
Revista britânica cita pesquisa publicada na edição mais recente da revista VEJA, pela qual 55% dos entrevistados acreditam que Lula tinha conhecimento do mensalão
Da Redação
Publicado em 4 de agosto de 2011 às 15h26.
A aparente serenidade do mercado financeiro diante da crise política que assola o Brasil está associada à preservação de Antonio Palocci, o ministro da Fazenda do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A opinião é da revista britânica The Economist, em artigo publicado em seu serviço online nesta segunda-feira (11/7).
A Economist pondera que as denúncias de compra de votos no Congresso brasileiro não são novidade. "Há acusações, investigadas de modo inconclusivo até o momento, de que legisladores foram subornados para aprovar a emenda constitucional que permitiu ao antecessor de Lula, Fernando Henrique Cardoso, disputar a reeleição em 1998."
Mas, tendo sempre retratado a si mesmo como detentor do monopólio da virtude política, a queda do PT do "estado de graça" tem sido espetacular, diz a reportagem. Os rastros de dinheiro que aparentemente chegam à cúpula do partido governista tornam esta crise a pior desde 1992, quando o presidente Fernando Collor foi submetido a um processo de impeachment.
Até o momento não há especulações sérias sobre as chances de Lula ser forçado a abandonar a presidência. Mas seus índices de aprovação estão em queda. The Economist cita pesquisa do instituto Ipsos, publicada na edição mais recente da revista VEJA, pela qual 55% dos entrevistados acreditam que Lula tinha conhecimento do mensalão e apenas 36% ainda consideram o PT um partido honesto.
A revista menciona o cientista política David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB), para quem agora há 40% de chance de que Lula seja derrotado nas eleições do ano que vem, 20% de chance de que ele seja forçado a ceder a chapa para outro candidato do PT e 10% de chance de que se afaste do posto antes do final do mandato.
É difícil prever como esses vários cenários podem afetar o curso da economia brasileira e a administração de sua enorme dívida pública, diz The Economist. Até o momento não há sinais de pânico no mercado financeiro, mas isso pode mudar caso os escândalos comecem a atingir o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Para a revista, Palocci impressiona investidores por seu firme controle das finanças públicas e pela postura amigável em relação ao mercado. Caso Lula fique tão enfraquecido que de fato abra mão da reeleição, a reação do mercado vai depender de quem o PT vai lançar em seu lugar: "um estatista da ala esquerda ou Palocci?", questiona a Economist.
A estratégia de Lula, diz a revista britânica, resume-se a esperar que o afastamento dos líderes petistas envolvidos nos escândalos e a limitada reforma ministerial em curso contribuam para a superação da crise. No Congresso, os governistas têm investido na criação de uma série de CPIs para empreender investigações isoladas, atulhando a mídia e os próprios parlamentares com dados e evitando uma CPI única apurando todas as ramificações das denúncias.